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Preço da carne deixa churrasco mais caro
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
15/11/2010 | 07:24
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A alta da carne deixou o churrasco mais salgado neste ano. Em escalada de preços desde o início de 2010, o item, indispensável para a ocasião, teve alta acumulada de até 17,25% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Dados de levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas), feito com base no IPC (Índice de Preços ao Consumidor), apontam que não foi só a picanha, artigo mais disputado e querido do churrasco, que sofreu com o aumento: contra-filé, costela, alcatra, maminha e até o frango apareceram mais caros.

"A carne está com alta de quase 5%, considerando os preços coletados entre o dia 8 de outubro e 7 de novembro. Isso foi influência de vários fatores, a começar pela seca nos pastos, demanda mais aquecida no mercado interno e externo e também abate da matriz; a procura foi tanta, que forçou o mercado a sacrificar reprodutores do rebanho", conta o economista e pesquisador da FGV, André Braz.

Com as festas de fim de ano e o crescimento na procura pela carne, o economista afirma que os preços devem seguir em subindo. "Se o preço está em alta pela escassez do produto e estamos em um período em que as pessoas consomem mais, isso dificulta ainda mais a situação."

Para Fábio Vezza de Benedetto, engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) e autor da pesquisa da cesta básica regional, a carne, assim como o feijão, é um dos vilões do bolso do consumidor e acumula a segunda maior alta de um produto neste ano.

"Ao longo do ano ela encareceu muito. A carne de primeira no Grande ABC, por exemplo, começou o ano a R$ 12 o quilo e agora está em R$ 16 o quilo. Alta de R$ 4", atesta.

OUTROS PRODUTOS - Apesar de amargar uma das maiores altas, não é só a carne que pesa no bolso do consumidor na realização do churrasco de fim de ano. A maioria dos produtos que são indispensáveis nas festas sofreu alteração. Sem poder reclamar da variação climática ou dos problemas da seca, cerveja e refrigerante estão nesta lista, custando até 5% mais do que no ano passado. A explicação, segundo Braz, é de que a maior saída dos produtos no verão faz com que o preço seja revisto pelos produtores.

A falta de trigo no mercado internacional e o aumento do preço do açúcar também dificultam a situação dos consumidores. O pão teve aumento de 6% no ano e o açúcar, de 11,3%, conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Nem mesmo o limão, indispensável na caipirinha, escapou: a fruta registra preços azedos e já marca alta de 15,39% no ano.

Região deve consumir 93,5 mil toneladas do item neste ano

O consumo de carne no Grande ABC deve alcançar, até o fim deste ano, 93,5 mil toneladas, alta de 1,6% em relação ao ano passado, quando a região consumiu quase 92 mil toneladas. O índice equivale a 1,27% do total do País, segundo dados do levantamento feito pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e divulgados pela Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne).

O estudo mostra que cada brasileiro comia, em média, 37,4 kg de carne em 2009. Com população de 2.456.515 habitantes, avaliada em outubro por levantamento preliminar do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o consumo médio da região foi de cerca de 91,8 mil toneladas.

Em dez anos, a demanda por carne cresceu, 1,6% ao ano, o que não descarta, no entanto, que o índice médio possa ser ainda maior no fim deste ano. PC




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