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Biomassa pode ser o combustível do futuro
Percy Faro
Especial para o Diário
17/09/2002 | 18:20
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Ainda é cedo para dizer que a gasolina, como combustível para os automóveis, está com seus dias contados. Mas, que caminha nesta direção não há a menor sombra de dúvida. Há razões de sobra para que isso se concretize. Inicialmente, é claro, será colocado um ponto final na dependência do petróleo a que vários segmentos da sociedade estão submetidos. Mas, inúmeras outras conseqüências positivas justificam esta transformação, cujo segredo está na biomassa, definida no dicionário como “qualquer matéria de origem vegetal utilizada como fonte de energia”. Portanto, a energia da biomassa é aquela que pode ser gerada a partir de materiais renováveis de origem vegetal, incluindo os produtos silvícolas, culturas específicas e produtos derivados de resíduos agrícolas, industriais ou domésticos.

O uso da biomassa será um dos temas que engenheiros do setor automotivo brasileiro discutirão durante o Congresso SAE Brasil 2002, que será realizado em novembro, em São Paulo. “Trata-se de um imenso reservatório energético renovável que precisa ser racionalizado e que, eficientemente aproveitado, poderá ajudar nosso país a minimizar os problemas de escassez energética e a conseqüente limitação de crescimento econômico. A biomassa é uma fonte que não seca”, afirma Fernando Penteado, que preside o Comitê de Veículos de Passeio, da SAE Brasil.

O uso da biomassa para geração de energia não é novidade. Desde os primórdios da civilização, o homem vem utilizando a lenha, um dos mais populares produtos da biomassa, como fonte de energia residencial e industrial. Com a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias, o Brasil esta expandindo esta utilização para outros elementos como óleos e resíduos vegetais, sisal, biogás, casca de arroz, bagaço de cana, palha e álcool como fonte de energia, possibilitando a geração de empregos com poucos recursos financeiros.

A cana-de-açúcar é um dos principais produtos agrícolas do Brasil, cultivada desde a época da colonização e disseminada praticamente por todas as regiões do país. Somos o maior produtor mundial. Do seu processo industrial, obtém-se o açúcar e suas derivações, álcool anidro e hidratado, o vinhoto, a levedura de cana e o bagaço. O setor hoje compreende mais de 300 usinas e destilarias no país, sendo 140 apenas no Estado de São Paulo. Gera atualmente mais de 900 mil empregos diretos no país (500 mil em São Paulo) e cerca de 3,5 milhões indiretos (2 milhões em São Paulo).

Como incentivo ao uso da biomassa, o governo brasileiro criou o “Programa de Incentivo às fontes Alternativas de Energia Elétrica”, também conhecido como Programa de Co-geração, que obriga as distribuidoras a comprarem 3,3 MW em energias alternativas. Desses, 1,1 MW deve ser oriundo da biomassa. Essa oportunidade de negócio tornou-se bastante atraente e interessante para atender às necessidades e mudar o cenário que vem acompanhando o setor sucroalcooleiro. A co-geração de energia para uso próprio e a venda do excedente para o sistema nacional de energia podem ser a resposta a este desafio e para vencer os obstáculos atuais”, diz Penteado.




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