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Jô volta ao teatro com ‘FrankensteinS’
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
14/08/2002 | 18:48
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Longe do teatro há cerca de 20 anos “por circunstâncias”, já que nenhum projeto o “entusiasmava”, Jô Soares retorna nesta quinta ao palco. Não como ator ou comediante, atividade da qual não se afastou, mas como diretor. FrankensteinS, peça do cubano naturalizado francês Eduardo Manet, estréia quinta no Cultura Artística, em São Paulo. Bete Coelho, Clara Carvalho, Mika Lins e Paulo Gorgulho compõem o elenco.

FrankensteinS apresenta dois personagens insatisfeitos com a própria natureza – e com seus criadores. Jane Eyre (Bete), do romance homônimo, propõe mudanças a sua autora, Charlotte Brontë (Mika). E o monstro de Frankenstein, na pele de Gorgulho, não está contente com sua criadora, Mary Shelley (Clara). “O texto tem um humor maravilhoso, não escrachado nem farsesco, e possui várias dimensões. Trata até da relação pai-filho”, afirma Jô.

Mary mora com o monstro a quem deu vida e que faz as vezes de mordomo. Charlotte bate à porta e revela seu sonho: quer casar e ter filhos como Jane, no livro submissa ao grande amor. Quando esta surge, dá-se o encontro inusitado. “Jane chega para apontar contradições”, diz Bete. “Os personagens exigem mudanças na história deles e a coisa pega fogo, porque se formam dois pólos. Há cumplicidade entre as criadoras e entre as criaturas”, afirma Jô.

A cenografia de Daniela Thomas e André Cortez, a luz de Telma Fernandes e os figurinos de Cássio Brasil tendem ao preto-e-branco. A mobília vitoriana convive com os grandes blocos de papel branco que forram o chão e as paredes. “A peça brinca com clichês, os estraçalha e os torna outra coisa”, diz Bete.

A caracterização de Gorgulho leva duas horas para ficar pronta. “É um monstro humanista, sensível e engraçado”, diz o ator. Não se verá em cena, portanto, aquele personagem ávido por sangue, típico de filmes B. Clara confirma: “Ele é doce, tem anseios filosóficos. Já Mary Shelley é irônica e cínica, nega as mudanças que ele reivindica”. Os figurinos de época de Jane e Charlotte são iguais. “Brinca com as identificações que existem entre as duas”, afirma Jô.

Uma vez que “a peça não é baseada num nível sofisticado ou literário, ninguém precisa conhecer Jane Eyre e Frankenstein para gostar dela. Se conhecer, melhor”, diz Jô. Mika ratifica: “Não é teatro para iniciados”. Para Bete, o monstro de Frankenstein e Jane Eyre, “moça romântica vitoriana”, são “arquétipos”. Logo, afirmam que o público se identifica facilmente com os personagens. “A peça não vulgariza nem cai no hermetismo”, diz Bete.

FrankensteinS – Comédia. De Eduardo Manet. Direção de Jô Soares. Com Bete Coelho, Clara Carvalho, Mika Lins e Paulo Gorgulho. De Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h. No Teatro Cultura Artística – r. Nestor Pestana, 196, São Paulo. Tel.: 3258-3616. Ingr.: R$ 40 (quinta, sexta e domingo) e R$ 50 (sábado).




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