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Real forte prejudica exportação agrícola
Sérgio Toledo
Do Diário do Grande ABC
29/11/2009 | 07:00
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A valorização do real nos últimos meses tem atrapalhado o setor rural brasileiro. A alta da moeda encarece o produto agrícola nacional no mercado internacional, principalmente as commodities, e prejudica a renda do produtor. "Os produtos brasileiros estão perdendo competitividade", conta o economista da SRB (Sociedade Rural Brasileira), André Diz.

A queda da moeda norte-americana em relação ao real, até sexta-feira, é de 25,36%. No mesmo período, o euro acumula desvalorização de 20,7%. "O produtor perde margem de lucro", diz o economista da SRB. Segundo ele, no Mato Grosso ainda há boa margem, mas devido ao bom preço do mercado internacional.

De acordo com estudo do núcleo econômico da SRB, coordenado por Diz, a soja nacional ficou 32% mais cara no mercado internacional.

Cálculos da pesquisa, usando como preço-base o valor da saca de soja de 60kg na Bolsa de Chicago em setembro, ao redor de US$ 20,60, apontam que o importador pagaria em dezembro do ano passado, com o dólar na casa dos R$ 2,40, cerca de US$ 8,60 pelo produto. Com o recuo do dólar para aproximadamente R$ 1,82, em setembro, a mesma saca de soja chegaria ao importador por US$ 11,30. Com isso, o sojicultor brasileiro receberia R$ 37,47 pela saca em setembro ante os R$ 49,44 referentes a dezembro de 2008, queda de 24,2% na rentabilidade. Brasil, Estados Unidos e Argentina são os maiores produtores mundiais de soja.

O estudo da entidade salienta que os países em que a taxa de câmbio apresenta maior valorização do dólar em relação à moeda local tornam-se mais competitivos no comércio agrícola, o que tem sido favorável para a soja argentina. Segundo André Diz, um câmbio muito desvalorizado, em torno de R$ 3, também não é benéfico, pois apesar de baratear o produto brasileiro, prejudica a modernização industrial. Ele comenta que a margem do produtor não fica menor porque insumos, como os fertilizantes, são importados. "O dólar próximo de R$ 2 é bom para importar e exportar."

De acordo com Diz, o Brasil precisa ocupar, no médio prazo, um papel de ofertante de produtos alimentícios, mas para isso necessita resolver as questões cambiais. "China, Índia e Rússia estão procurando seus espaços nos mercados internacionais. O Brasil pode ter um bom horizonte com o agronegócio, mas o câmbio é fundamental", afirma. "O País tem que deixar de ser embarcador de produtos primários e exportar industrializados."

E as perspectivas não são muito positivas, já que a tendência é de que o dólar continue caindo. Segundo o economista da SRB, as empresas da agroindústria podem contornar a situação através da compra de dólares no mercado futuro. Para os produtores existem poucas opções. De acordo com ele, o mercado interno não é a solução, pois não é capaz de absorver a produção. "O Brasil conta com o mercado externo para ampliar suas vendas. Além do que, o excesso de produto no mercado nacional faria o preço cair, e a margem também."




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