Proprietário da distribuidora de independentes Pandora e diretor de curtas-metragens, André Sturm concluiu na semana passada seu primeiro longa, intitulado Sonhos Tropicais, baseado no livro de Moacyr Scliar. Foram quase dois anos de filmagens para retratar a história de Oswaldo Cruz, o homem que salvou o Rio do mosquito da febre amarela no início do século XX. E pura coincidência a Cidade Maravilhosa estar assolada por outro mosquito, o da dengue, nos dias de hoje.

Com roteiro de Fernando Bonassi e Victor Navas, Sturm narra a chegada de Oswaldo Cruz (Bruno Giordano) ao Brasil governado por Rodrigues Alves e o episódio histórico conhecido como a Revolta da Vacina. O médico sanitarista luta para instaurar um programa de saneamento básico que inclui a obrigatoriedade da vacina, causando revolta da população. A epidemia de febre amarela, então, era um sintoma dos problemas políticos e sociais que o país enfrentava, fruto do descaso de seus governantes – e aí as coincidências com o tempo contemporâneo são ainda mais óbvias.

Paralelamente, Sonhos Tropicais fala da história de Ester (Carolina Kasting), que vem de Paris no mesmo navio que Oswaldo Cruz. Jovem judia polonesa, ela chega iludida por uma proposta de casamento e acaba tendo de se prostituir para ganhar a vida. O papel conquistado por Carolina foi pensado, inicialmente, para Emmanuelle Béart, com quem Sturm tinha contatado ao trazer um de seus filmes para o Brasil, O Tempo Redescoberto. A estrela francesa se interessou pelo filme, mas não conseguiu encaixá-lo em sua requisitadíssima agenda. Sonhos Tropicais será exibido pela primeira vez durante o Festival de Cinema do Recife, em 26 de abril, e, em breve, Sturm promete lançá-lo no circuito.