O número de acidentes envolvendo motocicletas teve crescimento considerável no Grande ABC, registrando aumento de 254,4% na comparação entre os anos de 2010 e 2011, segundo informações do 8º Grupamento do Corpo de Bombeiros. Foram 520 registros em 2010, contra 1.843 no ano passado. A corporação não soube informar o número de vítimas fatais relacionadas aos casos envolvendo esses veículos.
Para o especialista em mobilidade urbana e professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Creso Peixoto, o aumento da frota tem sua parcela de culpa.
Segundo dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), nos últimos cinco anos, a frota de motos no Grande ABC subiu de 119.577, em 2007, para 185.953 no ano passado, registrando crescimento de 55,5% no período.
"O índice de motorização aumentou e os veículos estão cada vez mais circulando próximos uns dos outros. Os motociclistas abusam do uso indevido dos corredores e, por isso, o risco de contato com os carros é cada vez maior, aumentando as chances de acidentes."
Em 1997, o Congresso aprovou o Código de Trânsito Brasileiro, no qual o artigo 56 tratava exatamente desse assunto: "É proibida ao condutor de motocicletas, motonetas e ciclomotores a passagem entre veículos de filas adjacentes ou entre a calçada e veículos de fila adjacente a ela."
Porém, o texto foi vetado com o argumento de que "o dispositivo restringe sobre maneira e utilização desse tipo de veículo que, em todo o mundo, é largamente utilizado como forma de garantir maior agilidade de deslocamento."
O especialista acredita que há necessidade de mudanças na lei para proibir o uso do corredor por veículos de duas rodas. Ele diz que isso refletiria em diminuição de acidentes. "O artigo 56 deveria ser mantido por conta da segurança dos pilotos."
Para Peixoto, a falta de fiscalização também é um dos motivos desse aumento. "O importante não é aplicação de multas no intuito de punição, mas a presença de agentes de trânsito para coibir algumas ações que colocam em risco a integridade dos pilotos."
Márcio Marinho de Castro, diretor do Sindmoto ABC (Sindicato dos Motoboys do Grande ABC), aponta a imprudência dos mais novos como principal fator para o aumento dos acidentes. "Os jovens entre 18 e 21 anos abusam da velocidade, empinam, andam no corredor. Esses são os que mais sofrem acidentes. Os profissionais com mais experiência dificilmente se envolvem em acidentes", comenta.
Segundo Castro, a exigência de empresas para fazer entregas com hora marcada aumenta o risco de acidentes. "Isso faz com que eles (motoboys) corram mais. Os motoboys pegam esse tipo de trabalho porque ganham pouco a mais que salário fixo, mas os perigos são bem maiores", relatou.
PROFISSIONALIZAÇÃO - Para o diretor do Sindmoto ABC é necessário regulamentar a profissão para poder ter diminuição dos acidentes relacionados ao veículo de duas rodas. No Grande ABC, nenhum município possui leis exijam a profissionalização. "É necessário, para diferenciar o profissional dos pilotos comuns. A maioria que morre não é trabalhador regularizado", explica.
Castro afirma que o sindicato oferece cursos gratuitos de conscientização e educação no trânsito. De acordo com ele, nestas aulas são aplicados conceitos de que o trabalho ganhando por entrega é perigoso. A entidade apoia a atividade remunerada com piso salarial fixo.
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