A presença da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ontem, na Associação Comercial e Industrial de Santo André serviu como estratégia para o PT local atrair a classe média, setor mais resistente ao partido. A ministra, que possui raiz na cidade, a qual inclusive foi secretária municipal, recebeu homenagem da entidade. Com a consolidação da pré-candidatura do deputado estadual e ex-sindicalista Carlos Grana ao Paço em 2012, a legenda projeta ampliar a inserção da sigla para outras faixas socioeconômicas, além das classes menos favorecidas, seguindo a cartilha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Miriam rechaçou a conotação política da atividade na Acisa e defendeu que, desde o primeiro mandato de Celso Daniel (1989-1992), o PT desvinculou este estigma de não ter base na classe média. "Quebramos esta máxima. O trabalho que fizemos em Santo André foi de dialogar com todos os setores da sociedade." A petista reconheceu, entretanto, que o foco da gestão petista - se espelhando no governo Lula - era nas classes C e D. "O olhar era especial com população mais pobre, justamente por isso 40 milhões de brasileiros viraram classe média."

O tom eleitoral ficou evidente. O ato esteve recheado de lideranças petistas, como deputados estaduais, vereadores e os prefeitos de São Bernardo, Luiz Marinho, e de Diadema, Mário Reali. Após passagem na Acisa, Miriam participou de painel de ex-secretários no diretório do PT, onde recebeu um quadro e se emocionou ao lado de antigos correligionários.

Miriam ressaltou que, de Brasília, liga para a família residente em Santo André para se informar sobre a situação do município. Diante do cenário, ela avalia que a possibilidade de o PT retomar a Prefeitura de Santo André "é muito alta". "A população sente falta da qualidade das gestões petistas aqui."

Para contribuir na campanha de 2012, Miriam disse que estará presente no Grande ABC, em algumas oportunidade até com a presidente Dilma Rousseff (PT). Também participará da elaboração do programa de governo andreense

A petista afirmou que não acompanha de perto o governo Aidan Ravin (PTB), porém analisou que "o conjunto de políticas públicas está empobrecido". "Sinto que o potencial (de obras e projetos) poderia ser bem maior, principalmente no momento de crescimento econômico."

Segundo Miriam, assim como Lula havia anunciado, Santo André ficará entre as prioridades do PT nacional e estadual. No meio político, o que se fala é que a retomada do poder na cidade é colocada como questão de honra.

Ministra anuncia R$ 400 mi para metrô leve da região

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, revelou que está em análise técnica final as propostas do PAC Mobilidade e que há previsão de anúncio oficial, em 40 dias, do investimento de R$ 400 milhões da União para a execução do metrô leve do Grande ABC - vai ligar a Estação Tamanduateí do Metrô a São Bernardo.

A nova ‘mãe do PAC' disse que o montante está "na boca para aprovação". Segundo dados do ministério, serão R$ 2,7 bilhões para desenvolver o projeto. Desse total, o governo do Estado vai buscar 1,2 bilhão de financiamento junto ao BNDES e entrará com 1,18 bilhão de contrapartida ao lado dos municípios envolvidos - São Bernardo, São Caetano e Santo André.

Os valores são conflitantes com os divulgados em junho pelo Palácio dos Bandeirantes, que projetara R$ 850 milhões do governo federal.

No que se refere à aplicação de recursos na região, Miriam salientou que são R$ 12,1 bilhões do PAC para as sete cidades, desde 2007, destacando R$ 463 milhões em saneamento, R$ 974 milhões em urbanização de favelas e R$ 800 milhões em drenagem.

Sem revelar o que já foi executado, a ministra negou que o cumprimento do PAC esteja em ritmo lento na região. "Está no mesmo patamar de 2010. É natural que no começo tenha desembolso menor e que se acelere quando as obras estejam a pleno vapor. O auge vai se dar no terceiro e quarto anos de mandato (de Dilma Rousseff, PT)."