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País recicla 4 milhões de pneus por mês
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
30/03/2009 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O pneu gasto, conhecido como careca, aparentemente não possui nenhuma outra utilidade e é facilmente descartado em córregos e rios ou é queimado em beiras de estrada, liberando os mesmos poluentes dos combustíveis fósseis, como monóxido e dióxido de carbono, um dos causadores do efeito estufa. No entanto, o entulho possui diversas aplicações na indústria, desde combustível alternativo para fornos de cimenteiras até matéria-prima para solados de calçados, asfalto, pisos e tapetes de automóveis.

Hoje, a Reciclanip, entidade sem fins lucrativos criada em 2007 pela Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) para administrar a destinação correta dos pneus inservíveis recolhe 20 mil toneladas mensais. "Uma tonelada contém, em média, 200 mil pneus. Portanto, coletamos cerca de 4 milhões de itens por mês", conta Renata Murad, diretora da Reciclanip.

Desde 1999, quando foi criado um programa de coleta de pneus sem uso, a Anip já destinou corretamente um milhão de toneladas, o que equivale a 200 milhões de pneus. Para se ter um ideia, o volume é suficiente para equipar duas vezes a atual frota de automóveis do Brasil, estimada em 25 milhões de veículos circulantes, ou lotar o vão livre do estádio do Maracanã.

A partir de 2002, por conta da resolução número 301 da Conama (Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos do Conselho Nacional do Meio Ambiente), todos os fabricantes e importadores de pneus passaram a ter a responsabilidade de coletar os itens usados e inservíveis e destiná-los corretamente, já que são considerados passivo ambiental - têm tempo indeterminado de decomposição - representando riscos à saúde - já que é um dos principais proliferadores do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue - e ao meio ambiente.

Aplicações - Em torno de 80% dos pneus velhos coletados transformam-se em combustível para fornos de cimenteiras. "Eles são coprocessados e, por terem um alto poder energético (semelhante ao do coque de petróleo e superior ao do carvão), podem ser utilizados inteiros ou triturados", explica a diretora da Reciclanip.

Desse modo, essas indústrias deixam de utilizar combustível fóssil e contribuem para desacelerar o aquecimento global. Ainda lucram com a alternativa, pois os fabricantes de pneus, como Bridgestone Firestone, Goodyear, Michelin, Pirelli, Maggion, Levorin e Rinaldi, pagam às cimenteiras em média R$ 50 por tonelada ou 20 pneus, revela Renata. "Hoje o fabricante financia para que, futuramente, se crie um mercado a partir dos pneus inservíveis". 

Os outros 20% são reciclados, sendo empregados na fabricação de artefatos - como pisos, mangueiras e tapetes para veículos - e asfalto (15%) e como matéria-prima para solado de sapato e dutos fluviais (5%).




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