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Auricchio diz que não vê PT governando São Caetano
Jessica Cavalheiro
Do Diário do Grande ABC
15/03/2010 | 07:13
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Depois de derrotar, nas duas últimas eleições, candidatos do PT ao cargo de prefeito de São Caetano, o atual chefe do Executivo, José Auricchio Júnior (PTB), diz não ver chances de a legenda oposicionista governar a cidade. O político afirma que não acredita que a sociedade tenha interesse nessa hipótese.

O petebista revela que foi consenso entre os integrantes de seu grupo político a decisão de não lançar candidatos nas eleições parlamentares deste ano. Mas não esconde que já tem em mente quem será o seu sucessor, daqui há dois anos. Diz que almeja cadeira na Assembleia Legislativa, mas deixa no ar a possibilidade de voos mais altos, como candidatura ao Senado.

Auricchio assegura que não tem planos de mexer peças no secretariado. "Não tem porque fazer troca. As coisas estão no caminho que deveriam estar."

O prefeito garante que não irá prorrogar o prazo para entrar em vigor uma das principais bandeiras de seu segundo mandato, a Lei Cidade Limpa. "Se após o dia 4 os comerciantes não estiverem nas normas, terão três dias para se regularizar. Caso contrário, serão autuados."

Sobre o programa Bairro a Bairro, outra vedete de seu governo, antecipa que o foco será modificado, dando mais ênfase ao entretenimento. No lugar de serviços públicos, haverá mais shows e cinemas, por exemplo. "Mostra que a população está utilizando muito bem os serviços pelas ferramentas normais da Prefeitura."

Além de Saúde, outra bandeira da gestão, Auricchio afirma que irá direcionar mais ações, a partir de agora, para habitação social e combate às enchentes.

DIÁRIO - Neste ano o secretariado da Prefeitura não sofreu alteração. O sr. está satisfeito com sua administração?

JOSÉ AURICCHIO JÚNIOR - Estou muito satisfeito. Pesquisas apontam 84% de aprovação. Está absolutamente dentro do previsto. Não tem porque fazer troca, não tem caráter político, não seria adequado na minha ótica mudar algo no momento. As coisas estão no caminho que deveriam estar.

DIÁRIO - Serão criadas secretarias neste ano?

AURICCHIO - Algumas áreas precisam ser intensificar, mas não serão criadas mais secretarias, pelo menos por enquanto.

DIÁRIO - Depois das fortes enchentes de 2008, a Prefeitura concedeu isenção de IPTU, conta de água e auxilio-enchente, no valor de um salário mínimo, durante seis meses. Neste ano só foi aprovado isenção de água. Os demais benefícios ainda virão?

AURICCHIO - Alguns fatores são importantes e devem ser levados em conta. O problema se deu por uma catástrofe e temos de analisar a parte técnica, como por exemplo o índice pluviométrico e a quantidade de pessoas e famílias que foram atingidas. Em 2008, era outra situação, não havia enchente daquela havia anos, a intensidade de famílias atingidas foi muito maior. Além do mais, aqueles que residem em casa de 70 metros de área construída e sem garagem já estão isento do IPTU, portanto, todos aqueles que já tinham fragilidade social ou econômica estão contemplados.

DIÁRIO - Sobre a Lei Cidade Limpa, existe alguma chance de aumentar o prazo de os comerciantes se adaptarem a lei da publicidade, que termina dia 4?

AURICCHIO - De forma alguma. Está previsto em lei, e se após o dia 4 os comerciantes não estiverem nas normas, terão três dias para se regularizar. Caso contrário serão autuados. Está tudo previsto na lei. São Caetano teve um bom prazo, até maior que o da cidade de São Paulo.

DIÁRIO - Quais obras e benfeitorias estão previstas para este ano?

AURICCHIO - Mais de 18 escolas serão reformadas, além da Fundação das Artes. Entregaremos o Centro Municipal de Capacitação de Professores e UBS no bairro Santa Paula. Será um ano intenso, com muitas obras, projetos de modificação viária no entroncamento das avenidas Presidente Kennedy com a Tijucussu, recuperação da malha viária dos bairros Santa Maria e Mauá, galeria para drenagem na Rua Justino Paixão e na Guido Aliberti e muitas outras. Estamos dando entrada em projetos como a ampliação do complexo hospitalar, junto aos hospitais Maria e Márcia Braido, que passará a ter Hospital da Mulher e enfermarias de internações, além de novos projetos da CDHU, unidades de Saúde e intensificação do Programa Saúde da Família.

DIÁRIO - Semana passada a Prefeitura deu início ao programa Bairro a Bairro 2010. O projeto sofreu alguma mudança?

AURICCHIO - O Bairro a Bairro deste ano será intensificado na área de entretenimento. Foi observado diminuição clara de demandas de serviços sociais, o que mostra que a população está utilizando muito bem os serviços pelas ferramentas normais da Prefeitura. Estamos trocando o serviço público por entretenimento, cinema, premiação... Apesar da menor procura, não iremos acabar com o programa, pois qualquer pesquisa no governo mostra que o principal meio de comunicação entre a Prefeitura e o munícipe é o Bairro a Bairro.

DIÁRIO - A Prefeitura prorrogou o prazo de inscrição para o auxilio da língua estrangeira, onde o aluno da escola pública receberá R$180 por mês para estudar em qualquer escola particular da cidade, de língua inglesa e espanhola. Por que o projeto não é válido para alunos de escolas particulares?

AURICCHIO - O auxilio para cursos de línguas inglesa e espanhola é de cunho social, é voltado para baixa renda, focando a rede pública de ensino. É um programa inédito no Estado e, posso dizer, no Brasil. Apesar de São Caetano carregar bom histórico em projetos sociais, esse é novo, estamos começando agora. Pode até ser que precisemos flexibilizar, por que não? Mas neste momento já temos 500 inscrições confirmadas e 500 que já levaram o pedido de inscrição, o que completaria as vagas. O ensino da língua estrangeira é um foco para 2010 que não vamos abrir mão.

DIÁRIO - Existe ainda alguma chance de o governo municipal apoiar alguma candidatura neste ano?

AURICCHIO - O primeiro fator necessário é o investimento. Uma eleição com competitividade tem um custo elevado. Ninguém do grupo se mostrou disposto a enfrentar uma batalha dessa. Foi consensual, o grupo tem entendido que não tem necessidade.

DIÁRIO - E para as eleições de 2012, o sr. já definiu seu sucessor?

AURICCHIO - 2010 é a maior eleição que o Brasil vai passar e faltam oito meses. Ainda não dá pra pensar em 2012. Nomes existem um monte na minha cabeça, mas não estou focado. As eleições deste ano vão ser muito importante para o Estado de São Paulo e para o Brasil. Refletindo sobre isso, uma questão que eu sempre defendi é o voto distrital. O País precisa passar por reforma política urgente e eu tenho muita esperança de que o próximo presidente vai focar nisso.

DIÁRIO - O sr. vê a possibilidade de o PT governar São Caetano?

AURICCHIO - Não vejo essa demonstração por parte do eleitorado e nas pesquisas, mas política é dinâmica, e o PT já mostrou competência. É uma análise mais deles do que da gente, mas não vejo que a sociedade tenha interesse nessa possibilidade.

DIÁRIO - E sobre a volta do Hamilon Lacerda ao PT, o que sr. acha?

AURICCHIO - É mútuo o respeito que temos um pelo outro, porém distante. Opinar sobre o retorno dele é uma questão partidária. Não posso falar se é bom ou ruim, certo ou errado.

DIÁRIO - O que o sr. pensa sobre seu futuro na política? Até onde pensa em chegar?

AURICCHIO - Meu sentimento é de servir as pessoas tanto na política, quanto na minha profissão de médico também. Tenho sentimento de realização muito grande. Nunca imaginei que com menos de 50 anos estaria à frente da Prefeitura. Fica esse desejo, com discussão ampla, com a colaboração de eleitores, amigos e pessoas que me ajudaram, a possibilidade de disputar outras eleições, mas é muito cedo para falar sobre isso. É tendência natural da vida pública passar pela Assembleia Legislativa ou pelo Senado.

DIÁRIO - Para o sr., quais são hoje os principais problemas na cidade?

AURICCHIO - A Saúde tem sempre uma dinâmica própria de demandas permanentes, alguns pontos são solucionados, mas as coisas giram e outros problemas aparecem. Além da Saúde, duas demandas maiores são habitação social e controle das enchentes.

DIÁRIO - E a Segurança?

AURICCHIO - É uma política tão compartilhada que é difícil citar a segurança como um problema só de São Caetano. Falando como cidadão, é inseguro viver na metrópole, e aqui não é diferente.

DIÁRIO - E como o sr. analisa o transporte público?

AURICCHIO - Muito longe do que São Caetano merece. Estamos enfrentando dificuldades. Falta regulamento no setor do transporte. Estamos pensando talvez em uma concessão de serviço, assim como o DAE terá. Penalizar o usuário não é justo e não é a tarifa que vai mudar o transporte.




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