Cultura & Lazer Titulo
‘Alta Fidelidade’ é um exemplo de sarcasmo
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
14/05/2001 | 17:57
Compartilhar notícia


Há muitos motivos para assistir Alta Fidelidade (High Fidelity, EUA, 2000), de Stephen Frears, que chega esta semana às locadoras em VHS e DVD. Mas aqui vão os três principais: 1) é uma boa adaptação do best seller de Nick Hornby; 2) tem uma trilha sonora primorosa – Velvet Goldmine, Bob Dylan, Steve Wonder e Beta Band; 3) John Cusack, como o protagonista Rob Gordon, não só convence que é um dos melhores atores de sua geração como retrata muito bem o personagem do trintão imaturo.

As listas que Gordon faz durante todo o filme, tentando assim manter sua insanidade sob controle, abrem um leque de possibilidades para esta comédia sarcástica. Assim começa a história: Gordon sendo deixado pela namorada Laura (Iben Hjejle) e recordando os cinco piores foras que tomou na vida. Esta se resume a uma loja de discos em vinil e aos bate-papos fervorosos sobre música que tem com seus dois vendedores, Dick (Todd Louiso) e Barry (Jack Black).

O primeiro é um rapaz tímido e reprimido e o segundo, um poço de ignorância. Ambos trabalham todos os dias, apesar de terem sido contratados para aparecer apenas três vezes por semana. Gordon demonstra não ter a mínima autoridade, fato que pode ser comprovado com a cena em que Barry expulsa um cliente da loja por não concordar com seu gosto musical.

Seu conhecimento enciclopédico de música pop é inversamente proporcional à dedicação que tem com as mulheres. Assim, Gordon acumula traumas amorosos, que aos poucos expõe ao público. Um exemplo é a relação com Charlie (Catherine Zeta-Jones), uma mulher muito acima de suas expectativas que acaba se tornando sua namorada.

Os intervalos dessa auto-análise são preenchidos pelas listas das cinco melhores canções de todos os tempos com temas específicos criados por Barry. E com as cenas em que Gordon cruza com Laura e tenta inutilmente reconquistá-la. Descobre-se, mais tarde, os reais motivos da separação – a infidelidade dele e a gravidez e o aborto dela. E que Laura foi acolhida por um vizinho de Gordon, Ian (Tim Robbins), um guru espiritual neo hippie.

Enquanto sofre com a partida de Laura – e com a possibilidade de ela ter transado com Ian –, Gordon ainda encontra tempo para se interessar pela cantora Marie de Salle (Lisa Bonet). Assim, com o público funcionando como analista e Gordon deitado no divã, os homens se identificam com o personagem, enquanto as mulheres se deliciam com o lado ridículo da natureza masculina. Uma terapia de riso.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;