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MST anuncia 55 ocupaçoes em Pernambuco
Do Diário do Grande ABC
17/04/2000 | 19:50
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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra em Pernambuco (MST-PE) anunciou ter ocupado 55 áreas no Estado nesta madrugada, com a participaçao de cerca de 5 mil pessoas. A expectativa do movimento é chegar a 80 invasoes nesta terça-feira. "Nós comemoramos os 500 anos do Brasil fazendo ocupaçao", afirmou o líder regional do MST Jaime Amorim. "Nós nao temos o que festejar, mas o que conquistar, a terra".

Entre as propriedades invadidas estao quatro engenhos da Usina Catende, no município de Catende, na zona da mata, que estao sob o controle da Federaçao dos Trabalhadores Rurais do Estado (Fetape) e Central Unica dos Trabalhadores. O fato foi denunciado em uma nota do movimento sindical que considera a açao do MST "divisionista e equivocada".

A posse legal das terras da Usina Catende - como pagamento das indenizaçoes dos trabalhadores - está sendo reivindicada na Justiça pelos canavieiros que, desde a falência da empresa, há 5 anos, trabalham na terra.

Produtivas - As invasoes, que vinham sendo preparadas desde janeiro, concentraram-se na zona da mata, com 34 ocupaçoes. Também foram invadidos engenhos das usinas Central Barreiros e Matary. O presidente da Associaçao dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, Manoel Soares, assegurou que eles sao produtivos.

"Algumas áreas aparentemente improdutivas nao estao abandonadas, estao sem uso por causa dos dois anos seguidos de seca e temos como provar isso", afirmou ele. Ele disse que nesta terça-feira a assessoria jurídica da entidade começa a atender os associados , impetrando açoes de reintegraçao de posse.

Incra - O Incra e a Polícia Militar nao tiveram conhecimento das invasoes. O superintendente regional do Incra, Roosevelt Gonçalves, considerou a açao do MST inócua, pois o órgao nao tem capacidade operacional nem orçamentária para vistoriar as novas áreas ocupadas. "Isto só vai criar mais tumulto no Estado e mais conflitos nas áreas", afirmou ele.

Segundo Gonçalves, o Incra planeja, neste ano, vistoriar 60 das 200 áreas ocupadas por sem-terra no Estado e assentar 3.500 das 20 mil famílias (números do MST) que se encontram nos acampamentos. "Se a gente nao dá conta do que já existia, imagine agora com novas invasoes", observou.

Frustra - Os sem-terra nao conseguiram fazer três das ocupaçoes. No Engenho Una, em Barreiros, na zona da mata sul, eles foram expulsos pela Polícia Civil já que havia uma açao judicial de interdito proibitório, impedindo a invasao. Almir Xavier, integrante do MST, foi detido por ter resistido à ordem de deixar o local e depois liberado pela polícia.

No engenho Pereira Grande, em Gameleira, também na mata sul, e na Fazenda Sossego, em Bonito, no agreste, os sem-terra foram expulsos por "pistoleiros", de acordo com a assessoria de imprensa do MST-PE.

A novidade desta jornada de ocupaçoes do movimento foi a invasao de uma área em Itaquitinga, na mata norte, feita apenas por mulheres. Elas dispensaram ajuda dos homens até mesmo para montar o acampamento e, segundo uma das invasoras, Jordânia Ferreira da Silva, 17 anos, a disposiçao é de resistir sozinhas a uma eventual tentativa de expulsao. "Temos facas e foices para nos defender de capangas", disse.




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