A proposta de implantação do modelo de voto em lista fechada nas eleições de 2018 é rejeitada pela maioria dos possíveis candidatos a deputado do Grande ABC. O Diário procurou potenciais postulantes a cadeiras tanto na Câmara Federal quanto na Assembleia Legislativa e a mudança, que ganha força no Congresso Nacional, é vista com desconfiança na região.
“Sou totalmente contra. Enquanto não houver democracia interna nos partidos a lista não é cabível dentro do processo democrático”, criticou Almir Cicote (PSB), atual presidente da Câmara de Santo André e que tende a concorrer como deputado estadual no pleito do ano que vem.
Para o presidente da Câmara de Mauá, Admir Jacomussi (PRP), o modelo ideal é o que contemple os candidatos mais votados, “independentemente da sigla a qual pertencem, prevalecendo o respeito à democracia”, destacou o vereador.
Já Pery Cartola (PSDB), que preside o Legislativo de São Bernardo, descartou – embora seja cotado – disputar vaga em 2018, mas teceu comentários sobre o financiamento de campanhas eleitorais. “Na disputa do ano passado, em que eu fui o mais votado, tive uma das menores campanhas. A gente disputou com gigantes. A população entendeu que quem gasta mais, geralmente, não é o mais votado. O que acontecia antigamente era um absurdo”, frisou o tucano.
Na opinião da cientista política Maria do Socorro Braga, caso a proposta da lista fechada seja aprovada, a participação popular estaria ameaçada. “Penso que nessa conjuntura crítica, os políticos estão com sérios problemas para propor qualquer tipo de reforma política. Ainda mais um dispositivo como esse que pode aumentar ainda mais o poder deles no interior dos partidos”, criticou.
PROJETO - A comissão da reforma política, da Câmara dos Deputados, que tem na relatoria o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), vai analisar a proposta de lista fechada para as eleições de deputados e vereadores em 2018, 2020 e 2022. A partir de 2026, seria adotado o chamado sistema distrital misto, no qual metade dos deputados seriam eleitos pelo sistema de lista fechada e metade pelo sistema distrital, em que vigora o voto majoritário.
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