Economia Titulo Crise
Empresas da região pedem recuperação
Gabriel Russini
Especial para o Diário
22/03/2017 | 09:06
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Denis Maciel/DGABC


Em momentos de recessão econômica é comum empregadores apertarem os cintos para manter o negócio em operação. Em muitos casos, porém, a situação se torna praticamente insustentável e o risco de falência aumenta. A alternativa para evitar esse desfecho é o pedido de recuperação judicial, processo que atualmente envolve 76 empresas do Grande ABC, segundo o indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações. No ano passado, o Brasil contabilizava 1.863 solicitações de recuperação judicial, maior número desde 2006.

Trata-se de medida realizada para tentar salvar a empresa da falência, principalmente quando perde a capacidade de pagar dívidas. De acordo com a legislação, esse mecanismo tem o claro objetivo de viabilizar a superação da crise financeira de uma companhia, que pode manter a produção, parte dos empregos e o interesse dos credores.

“É vantajoso para todos, principalmente para as empresas, que podem pagar até 50% do valor da dívida. Mas isso depende do acordo firmado entre as partes”, explica o sócio da Hannud e Velloza Advogados Marcos Velloza, especialista em recuperação judicial.

Segundo o levantamento da Serasa Experian, São Bernardo é a cidade da região que concentra o maior número de pedidos de recuperação judicial, com 24 solicitações em andamento. A sequência é completada por Diadema (21), Santo André (15), Mauá (sete), São Caetano (cinco) e Ribeirão Pires (quatro). Não há empresas nessa situação em Rio Grande da Serra. Os dados do indicador foram fornecidos pela Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo).

Parte considerável dessas companhias compõe a cadeia produtiva do setor automotivo, carro-chefe da indústria no Grande ABC. Sede de várias montadoras, São Bernardo é exemplo. Hoje, o município conta com sete empresas com processos de recuperação homologados na Justiça que fazem parte da área automotiva, o que corresponde a 29,1% do número total. Diadema aparece na segunda posição, com cinco empresas do setor.

Mauá, por sua vez, possui três empresas nessa situação. É o caso da CGE, que produz peças plásticas para as montadoras e entrou com pedido de recuperação em 2013. “Foi benéfico para nós. Já conseguimos quitar 50% do valor da dívida e, o mais importante, continuamos existindo”, comenta o diretor da companhia, Edoardo Campofiorito. No entanto, foi inevitável a redução do quadro de funcionários, em 30%.

O advogado Marcos Velloza destaca que o setor automotivo sofre com a ociosidade em razão da queda nas vendas provocada pela crise, o que, consequentemente, gera menos ritmo de produção e impacta diretamente na rede de fornecedores de autopeças. Velloza aconselha que os empresários sejam ágeis para tomar decisões no momento certo quanto à possibilidade da recuperação judicial. “O retardamento na tomada de decisão pode tornar inócuo o pedido, já que não haverá nada a ser recuperado.”  




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