Prefeito tenta fazer as pazes com ex-secretários,
porém a restrição a Zé Carlos barra reconciliação
Pressionado e com o governo na mira de uma CPI, o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), tentou, sem sucesso, reaproximação com ex-aliados que romperam com a gestão em janeiro e que hoje integram a bancada de oposição. O núcleo duro do Paço se reuniu novamente ontem, pela manhã, com vereadores ligados ao Água Santa para buscar a reconstrução da aliança, mas frustrou a tentativa ao fazer exigências para o retorno.
O Diário apurou que o prefeito se mostrou disposto a devolver as secretarias de Cultura e de Transportes às mãos do grupo, mais outros cargos na Pasta de Saúde. Porém, condicionou a volta dos ex-parceiros ao veto à indicação do presidente do PPS municipal, José Carlos Gonçalves, ao comando de Transportes.
A condição imposta pelo chefe do Executivo não foi bem digerida pela ala, que questionou a exigência e se negou a ceder ao desejo do verde. Integram o grupo políticos do PEN, além de vereadores do PPS (Audair Leonel, Companheiro Sérgio Ramos e Jeocaz Coelho Machado, o Boquinha) e do DEM (Salek Aparecido e Revelino Teixeira de Almeida, o Pretinho). Na ótica dos dissidentes, eventual reaproximação com o governo tem de contemplar a ala inteira e que aceitar a exigência do chefe do Executivo seria submeter-se a novas ingerências.
O encontro teria sido uma das últimas tentativas dos ex-aliados em voltar à base do governo, tendo em vista que outras investidas também foram em vão. Nas próximas semanas, Lauro enfrentará a instalação de CPI para investigar contratos da Educação (leia mais abaixo) e foi justamente o racha com o governo que motivou os parlamentares a se unirem a PT e PRB e engrossarem maioria oposicionista no Legislativo, formando o G-12.
PRESSÃO
Lauro também tem reclamado reservadamente da pressão exercida pelas figuras políticas ligadas ao Água Santa. O Diário revelou ontem que o prefeito já cogita, nos bastidores, se licenciar do mandato no Paço para buscar vaga na Câmara dos Deputados. Se vencesse o pleito, renunciaria ao mandato e entregaria o cargo a seu vice-prefeito, Márcio da Farmácia (PV). A empreitada anteciparia o projeto da eleição de 2020, quando Lauro formaria o correligionário como seu candidato à sucessão.
Interlocutores do verde relatam que, nessa aposta eleitoral, Lauro vê possibilidades reais de garantir mandado em Brasília caso se concretize no Congresso Nacional proposta de mudança nos moldes da eleição proporcional para a lista fechada – quando o eleitor vota no partido, que, por sua vez, elenca quem ocupará as cadeiras.
Se a vitória fosse alcançada, o verde seria pelo menos o sétimo prefeito na história do Grande ABC a renunciar ao mandato no Executivo para assumir vaga na Assembleia Legislativa ou à Câmara Federal.
Jurídico da Câmara questiona CPI antes de aval
A Secretaria de Assuntos Jurídicos da Câmara de Diadema, chefiada por Roberto Viola, pediu que a oposição altere o requerimento que exige a abertura de CPI da empresa de fundo de quintal. O setor ainda não avalizou a instauração da comissão que investigará contratos de quase R$ 1 milhão entre o governo do prefeito Lauro Michels (PV) e a Mendonça e Silva Construção e Reforma, que fica nos fundos de cortiço na periferia da cidade.
A ideia é apurar se a empresa é fantasma e se os serviços para os quais foi contratada – reforma de escolas municipais –, sem licitação, foram executados. A comissão também quer saber por quais motivos o governo fracionou os convênios, na medida em que a soma dos valores de pagamento à firma ultrapassam os limites estabelecidos para adoção de carta-convite, infringindo a Lei de Licitações (8.666/93).
Segundo o presidente da Câmara, Marcos Michels (PSB), o documento não especifica quais irregularidades a CPI deve apurar no período. “O requerimento precisa apontar quais irregularidades, especificar pontos a serem averiguados, como se a empresa é fantasma e se houve fracionamento, por exemplo. Se fugir disso, o relatório pode ser questionado judicialmente”, justificou o socialista, ao emendar que não tem intenção de retardar a CPI”. Marcos era secretário de Educação na época dos convênios.
Líder do G-12, Josa Queiroz (PT) discordou dos questionamentos, mas não vê manobra para postergar as investigações. A Casa tem até amanhã para instaurar a CPI.
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