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Templo de Vênus é reaberto em Roma
Heloísa Cestari
Com AFP
18/11/2010 | 09:43
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O maior templo da Roma antiga foi reaberto ao público no último dia 11 após mais de 20 anos em obras. O anúncio ocorre em meio a uma tempestade política sobre a manutenção dos tesouros artísticos italianos, decorrente do colapso da Casa dos Gladiadores em Pompéia.

O Templo de Vênus e Roma, construído durante o governo do imperador Adriano no século 2 (de 121 a 135), situa-se no coração do Fórum Romano, perto do Coliseu. Do imenso edifício original, com duas entradas, restam dezenas de colunas e partes de duas absides com tetos ornamentados. O templo era visível para os visitantes do Fórum, mas o acesso estava interditado por causa das obras. Até os anos 1980, carros podiam até mesmo estacionar em frente às colunas.

"Restauramos para Roma um dos mais importantes símbolos de poder e grandeza do Império Romano", declarou Claudia Del Monte, arquiteta encarregada da restauração do monumento.

O trabalho foi centralizado, principalmente, na pavimentação do templo de Roma e em melhorias nos vãos de sustentação do teto, enegrecidos pela poluição e limpeza de um esgoto próximo ao local.

Erguida nas ruínas da Domus Aurea - a casa do imperador Nero -, a edificação comporta duas partes unidas: o templo de Vênus, deusa do amor e ancestral mística dos romanos, e o templo de Roma A Eterna, deusa da cidade.

Mesmo fechado ao público, o local vinha sendo utilizado, desde o papa João Paulo II, para cerimônias da Sexta-Feira Santa.

Del Monte explicou que certos aspectos da restauração não teriam sido necessários se o local tivesse sido bem conservado: "Os italianos devem estar conscientes de seu patrimônio e parar de maltratá-lo".

POMPÉIA - A reabertura ocorre na mesma época em que o ministro da Cultura italiano, Sandro Bondi, está sendo ameaçado por um voto de censura por sua responsabilidade no colapso da Casa dos Gladiadores, que ocorreu dia 6 no sítio arqueológico de Pompéia, perto de Nápoles, ao Sul. Bondi, aliado do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, defendeu-se e rejeitou qualquer responsabilidade.

Apesar da má conservação de boa parte dos monumentos, Pompéia continua sendo um dos mais impressionantes sítios arqueológicos do mundo, aberto também para visitações noturnas. Os templos de Vênus, Apolo, Vespasiano, Júpiter, os edifícios administrativos e a Basílica constituem a área que foi o centro político, religioso e econômico da cidade de história tão trágica.

Depois de ser praticamente sepultada pelo Vesúvio em 79 d.C. (leia reportagem nesta página), Pompéia renasce como prova viva da tragédia.

Hoje, as pinturas murais representando cenas da vida romana na Antiguidade e os corpos de pessoas que morreram com a erupção (em alguns, até a expressão de pavor nos rostos se conservou), mantidos intactos por camadas de lava e gesso, são um desafio ao presente.

Tudo na cidade, por sinal, parece respirar história. A arquitetura é dominada pelas grandes pilastras e formas retas. As grandes casas, distribuídas pelas ruas largas, têm imensos jardins internos, e em alguns lugares há rochas alinhadas para a travessia de pedestres.

Na Via dell'Abbondanzza, fica o mais conservado dos banhos públicos de Pompéia, ainda com as salas de banhos frios, mornos e quentes. A temperatura das termas, bem como dos ambientes no subsolo, era garantida por um sistema de aquecimento inventado pelos romanos no século 1 a.C.

Já na Via dei Sepolcri, na saída da cidade, destacam-se alguns túmulos, incrivelmente conservados, com inscrições exaltando as qualidades morais dos mortos, várias delas redigidas pelos próprios ainda em vida, com autoelogios ("bom pai", "morreu sem dever nada a ninguém" etc.) ou acusações a desafetos ("o sócio que me arruinou", "aquele escravo ingrato"...). Seja qual for o local visitado, andar por lá é sempre uma viagem ao passado.

Vesúvio, o verdadeiro chefão

Responda rápido: em toda a história napolitana, marcada pela invasão de diversos povos, quem foi o maior dominador da região da Campânia? Se você pensou em algum imperador romano, monarca francês, no líder fascista Mussolini ou em algum chefe da Camorra, esqueça. O verdadeiro senhor da província, ao mesmo tempo temido e admirado por seu povo, e que até hoje reina soberano na paisagem, é o eterno Vesúvio, um dos maiores e ainda ativos vulcões da Europa, com 1.277 metros de altura e a apenas 12 quilômetros de Nápoles.

Com suas constantes erupções, o Vesúvio determinou a extinção de diversas cidades que viviam a seus pés, e que mais tarde ressuscitariam das cinzas como a meca dos aficionados por arqueologia.

Hoje, o vulcão mais parece um velho dando suas pitadinhas de fumaça pela cratera de 600 metros de diâmetro enquanto aguarda a aposentadoria.

Mas, no passado, seu vigor juvenil revelou acessos de fúria que marcariam para sempre a história da humanidade. A última foi em 1944, só para ele mostrar que também podia dar suas baforadas em plena Segunda Guerra Mundial.

A maior catástrofe, no entanto, ocorreu em 24 de agosto do ano de 79 d.C., quando as lavas do Vesúvio riscaram do mapa as cidades de Pompéia, Herculano e Stabia, soterrando tudo o que havia no raio de 60 quilômetros.

A mesma tragédia que sepultou tantas vidas, em contrapartida, foi responsável pela preservação de um inestimável tesouro arqueológico. Como diria o escritor alemão Wolfgang Goethe, "de todas as catástrofes do mundo, nenhuma provocou tanta alegria às gerações seguintes". Afinal, não é em qualquer lugar que se tem a oportunidade de percorrer as mesmas ruas onde há quase 2.000 anos circulavam soldados romanos, mercadores, ricos senhores e escravos do império.

A exploração que revelou ao mundo as relíquias da região só começou em 1749, sob o reinado de Carlos de Bourbon. Mais tarde, em 1860, o pesquisador Giuseppe Fiorelli inventou um sistema de moldagem a gesso que permitiu conservar a reproduzir as expressões de espanto, terror e resignação de muitos corpos petrificados encontrados nas ruínas, o que estarreceu o planeta. E as escavações continuam até hoje, como fonte inesgotável de estudos sobre o modo de vida na época do império romano.

Apesar do medo, muita gente se arrisca a subir o Vesúvio para conferir de perto a sua enorme boca. Para chegar lá, pode-se ir de carro pela Rodovia Nápoles-Pompéia ou subir ao Sul passando pela Torre Annunziatta e por Boscotrecase.

Também é possível subir com o funicular, bondinho que chega à cratera em apenas seis minutos, de preferência cantando a popular Funiculi, funiculá, composta no final do século 19 em homenagem à inauguração do empreendimento.




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