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Carro 1.0 volta a liderar vendas
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
12/08/2009 | 07:06
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A volta do crédito farto tratou de colocar as coisas em seus devidos lugares. Os veículos 1.0 retomaram a liderança do mercado nacional a partir de janeiro deste ano, quando os consumidores também puderam sentir o efeito da isenção da cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre o preço dos modelos considerados populares.

Levantamento da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) aponta que, no mês passado, os carros de motorização de 1 litro tinham 55% do mercado nacional contra 44% dos veículos equipados com motores entre 1.0 e 2.0. Veículos com motor acima de 2 litros representam apenas 1% das vendas. A tendência, pelo levantamento da entidade, é de alta dos "populares", modelos que surgiram em 1990 com o Fiat Uno Mille, com 48 cv de potência.

No começo do ano passado, quando o consumidor aumentava o poder de compra e sentia confiança na economia, os carros com motorização entre 1 e 2 litros avançaram e chegaram, em outubro, a contar com 52% do mercado, contra 46% dos veículos 1.0. Aí veio a crise financeira mundial e a curva começou a se inverter novamente (veja gráfico abaixo).

Para o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, a volta da liderança do carro 1.0 é reflexo direto do aumento do crédito para o consumidor de menor renda, que também viu na redução do IPI a possibilidade de poder comprar o seu primeiro carro zero-quilômetro.

POPULARES E A CRISE - Para analistas, o carro 1.0 foi decisivo para alavancar o mercado num momento de crise. "É ele que está garantindo a produção e a lucratividade da indústria num ano em que todos esperavam o caos", afirma Francisco Satkunas, integrante do SAE (Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade) e analista do mercado nacional.

Outro consultor, José Caporal, da Mega Dealer, afirma que produtos como o Ka (Ford) e o Gol (Volkswagen), que não têm versões com motor 1.4, ajudaram a turbinar as vendas de 1.0. "Foram dois grandes sucessos de vendas que garantiram a volta da predominância dos veículos de 1 litro", considera.

Para Caporal, o carro de 1 litro é importante por trazer novos consumidores para o mercado de veículos zero-quilômetro. "Temos que lembrar que 70% dos consumidores brasileiros ainda não podem comprar um carro novo". Para os que consideram que o carro 1.0 não é um produto ideal, Caporal lembra que os veículos de entrada melhoraram muito, com motores como o do Celta (GM), quase 80 cavalos. "Esses veículos são eficientes no consumo, emitem menos poluição e são mais ágeis no trânsito urbano, além de serem mais baratos", lembra.

Pelo levantamento da Anfavea, o auge das vendas de modelos 1.0 foi atingido em janeiro de 2002, quando abocanharam 75% do mercado contra 24% dos carros de 1 a 2 litros. Para Schneider, os veículos de entrada ainda vão dominar o mercado nacional por período longo em razão do perfil da maioria dos consumidores.




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