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Telem SA deve perder concessão do Vera Cruz

Paço de S.Bernardo encaminhou rescisão de contrato
com a empresa, que tem dez dias para se defender

Miriam Gimenes
16/03/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 A Prefeitura de São Bernardo encaminhou ontem a rescisão do contrato com a Telem SA, empresa que ganhou a concessão do complexo Vera Cruz por 30 anos, conforme contrato assinado com a antiga administração, em junho de 2015. A atitude foi ocasionada após série de problemas envolvendo a parceria, inclusive a má gestão do CAV (Centro de Audiovisual de São Bernardo). A empresa tem dez dias para apresentar o argumento de defesa. Após ser notificada da dispensa de 20 profissionais do CAV no início do mês, o que impediu o reinício das aulas, a Prefeitura encaminhou o caso para Procuradoria-Geral do Município, que deu parecer pela rescisão contratual.

O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), que no fim de dezembro já havia manifestado ao Diário a intenção de rescindir o contrato, disse que as demissões foram a gota d’água para tal atitude, uma vez que a contrapartida da concessão era o gerenciamento efetivo do Centro de Audiovisual. “Queremos ter o espaço (CAV) de volta, devolver aula aos alunos. A empresa dispensou os profissionais de maneira injustificável. Estou garantindo que em 60 dias, por meio de contratação direta, os alunos voltarão a ter aulas. Eles não podem ser vítimas de erros de uma concessionária que não cumpre contrato”, afirmou. O tucano garante ter orçamento necessário para garantir o funcionamento do espaço.

Passado o prazo de dez dias dado para defesa da concessionária, o prefeito, que deve retomar para o poder público o gerenciamento do pavilhão, pretende não fazer apenas feiras no local, como ocorreu no passado. “Vamos retomar o Vera Cruz e queremos novo projeto para manter a tradição de implementar ações que envolvam o setor do audiovisual no município”, promete Morando, que chegou a dizer que não dava para sonhar com um “Projac dentro do Vera Cruz”.

Ontem de manhã, representantes do CAV haviam pedido ajuda durante sessão da Câmara. Junto com eles estavam os alunos do Clac (Centro Livre de Artes Cênicas) e integrantes do Cajuv (Coordenadoria de Ações para Juventude), que protocolaram pedido de audiência pública para apresentar demandas relacionadas ao Plano Municipal de Cultura de São Bernardo.

NOVELA
Desde o início dessa história, a novela envolvendo a Telem e o Vera Cruz já dava sinais de que o fim não seria dos melhores. O contrato de concessão, que teria de ter sido assinado em abril de 2015, só foi efetivado em junho. Em agosto do mesmo ano, durante uma festa ‘pomposa’ no pavilhão, foi anunciada a primeira parte da revitalização do complexo – que, no total, previa o investimento de R$ 156 milhões – e teria de ter começado nos meses seguintes. Ela envolvia a construção do centro cultural (teatro de 800 lugares, cinema com 100, além de memorial, restaurante e incubadora de empresas do setor audiovisual). Passados dois anos, nada disso saiu do papel e, neste meio-tempo, o complexo ficou perto de perder a autorização de utilizar nomenclatura original por falta de pagamento aos proprietários da marca Vera Cruz.

E não foi só isso. Em março de 2016 começaram os problemas salariais dos professores do CAV, que cruzaram os braços. A Telem fez série de parcelamentos dos honorários e, por fim, resolveu alugar o pavilhão para shows, que foram vetados por conta da falta do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) para promover atividades culturais. Além de cancelar o processo seletivo em fevereiro, a empresa, alegando falta de dinheiro, dispensou os profissionais do espaço. A equipe de reportagem procurou a Telem, mas até o fechamento desta edição ninguém havia se pronunciado.




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