O populismo financeiro exercido pelo PT nos 13 anos em que ocupou o poder central mergulhou o Brasil em crise tão profunda que as boas-novas praticamente desapareceram do noticiário. Embora a mudança de governo não tenha estancado a crise política, que continua a níveis elevadíssimos graças às investigações da Operação Lava Jato, a chegada de Michel Temer (PMDB) ao comando serviu de freio de arrumação ao País, como demonstram de forma robusta os mais recentes indicadores macroeconômicos.

É auspiciosa a informação de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede oficialmente a escalada inflacionária no Brasil, fechou fevereiro em 0,33%, o mais baixo percentual para o mês desde 2000. Com o bom desempenho, a projeção é que a inflação encerre 2017 dentro da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,5% ao ano. Caso a expectativa se confirme, a sociedade poderá comemorar algo que não vê desde 2009, época conturbada devido ao estouro da crise financeira internacional.

Os sinais, embora incipientes, ajudam a manter aceso o compromisso de Temer com as reformas estruturais do País, como a da Previdência e a Trabalhista. O presidente não perde oportunidade de demonstrar que se preocupa mais com o legado de sua administração do que com o acúmulo de capital político. “Prefiro ser impopular a ser populista”, afirmou ele em recente entrevista para a revista inglesa The Economist, considerada a Bíblia da economia de mercado.

Reconduzir uma Nação quebrada economicamente aos trilhos do desenvolvimento não é tarefa indolor nem fácil. Muito pelo contrário. O momento é de extrema cautela. A hora é a de fazer cuidadosa administração de recursos. Mas as cicatrizes acumuladas na travessia certamente fortalecerão o Brasil, que emergirá das profundezas do mar revolto das incertezas muito mais pujante do que jamais foi. Sim, estas considerações contemplam boa dose de torcida. Mas não há nada de errado em ser otimista, especialmente quando se vislumbra uma luz no fim do túnel, ainda que tênue.