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Brasil tem maior recessão da história

PIB fecha 2016 negativo em 3,6%; última vez em que houve duas quedas seguidas foi em 1931

Gabriel Russini
Especial para o Diário
08/03/2017 | 07:26
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O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 2016 apresentou retração pelo segundo ano consecutivo e confirmou a pior recessão da história do País. O indicador registrou queda de 3,6%, o que em números significa perda estimada em R$ 500 bilhões. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos e serve para medir a evolução do quadro econômico.

É a segunda vez na história do País que o PIB fecha no vermelho por dois anos seguidos. A primeira foi no biênio 1930 e 1931, quando foram registradas sucessivas quedas, de 2,1% e 3,3%. Recentemente, a última vez em que a soma das riquezas aumentou foi em 2014, com alta de 0,5%. Em 2015, a economia recuou 3,8%. No ano passado, pela primeira vez desde 1996, todos os setores da economia tiveram baixa. Os setores de agropecuária, indústria e serviços recuaram 6,6%, 3,8% e 2,7%, respectivamente.

De acordo com ranking elaborado pela agência de classificação de risco Austin Rating, que contempla 38 países que representam 81% do PIB mundial, o Brasil repetiu o desempenho de 2015 e ficou na lanterna mais uma vez.

Na avaliação do economista e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, o cenário atual é mais preocupante do que na década de 1930. “É importante diferenciar os momentos, naquela época o mundo todo estava em crise por causa do colapso da bolsa de Nova York. Hoje, estamos nessa situação por nossa conta.”

Em valores, o PIB de 2016 totalizou R$ 6,3 trilhões, enquanto a renda per capita ficou em R$ 30.407, redução de 4,4% na comparação com 2015. Segundo o IBGE, a alta dos juros, a restrição dos bancos ao crédito, o aumento do desemprego e queda da renda explicam o resultado ruim.

O último trimestre do ano passado apresentou queda de 0,9% na comparação com os três meses anteriores. Foi a oitava baixa seguida nesse quesito. “Olhando para o resultado do quarto semestre, voltamos ao mesmo patamar do terceiro trimestre de 2010”, afirma a coordenadora das contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles defende que o resultado ficou para trás, e pode ser visto pelo retrovisor. “O Brasil, hoje, já é um País que volta ao normal”, afirmou. Para ele, o Brasil voltará a crescer no primeiro trimestre.

A Austin Rating projeta expansão do PIB de 0,7% neste ano e 2,2% para 2018. Para que haja retomada, na avaliação do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, incentivos pelo governo deverão ser implementados. “Para aproveitar esse vento favorável, é urgente incentivar investimento na produção, o que só vai acontecer com a redução do juros e aumento da oferta de crédito.” 




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