Política Titulo Editorial
A origem do problema
Do Diário do Grande ABC
04/03/2017 | 09:48
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Aline Pietri/DGABC


O deficit habitacional é o calcanhar de Aquiles do Grande ABC. Sem conseguirem lidar com o inchaço populacional, os sete municípios veem casos de submoradia explodirem. A fiscalização precária resulta em invasões de áreas e crescimento desordenado das cidades, sem as necessárias infraestruturas urbanística e sanitária. Reportagem publicada hoje pelo Diário revela como bairros surgem irregularmente na região, no vácuo deixado pelo poder público. O caso se passa em Mauá, mas poderia se reproduzir em qualquer outra localidade.

Faz dois anos que algumas famílias, pressionadas pela especulação imobiliária que elevou os valores dos aluguéis, encontraram terreno desocupado na periferia mauaense e decidiram ocupá-lo. Ergueram os primeiros barracos e, como não foram incomodados por nenhuma autoridade ou pelo eventual proprietário, o passar do tempo tratou de consolidar o núcleo habitacional. Completamente irregular.

Sem nada que lhe impedisse o desenvolvimento, o bairro foi ganhando corpo. Para atender às famílias do local, surgiram os primeiros comércios. Bares brotaram em solo fértil. O terreno onde será construída a primeira igreja evangélica já está demarcado e há mobilização para fundar a associação de moradores.

O crescimento populacional trouxe consigo inúmeras demandas. Os moradores querem asfalto, escola, posto de Saúde, iluminação, água potável e esgoto. As reivindicações são justas. Mas como atendê-las se o aglomerado se desenvolveu de modo irregular? Eis o impasse formado. Levar infraestrutura ao núcleo habitacional não é ser conivente com ação ilegal, estimulando-a? Buscar a desocupação e reintegração de posse não é agir de modo desumano e insensível?

Só há um modo de evitar o dilema: antecipar-se às invasões. A melhor maneira de evitá-las é tornando-as desnecessárias. Para tanto, a criação de políticas capazes de sanar o deficit habitacional é imprescindível. Certamente o projeto incluirá custos altíssimos. Mas nada é mais caro a uma sociedade do que o bem-estar dos cidadãos. 




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