Dezoito dias depois dos atentados de Madri, o ministro do Interior da Espanha, Angel Acebes, admitiu em uma entrevista ao jornal ABC que nenhum indício relaciona a organização separatista basca ETA aos ataques contra quatro trens de subúrbio na capital madrilhenha, em março. Ainda nesta segunda-feira, mais uma vítima dos atentados faleceu, aumentando para 191 o número de mortos da pior ação terrorista já ocorrida em toda Espanha.

Ao ser perguntado se existe algum indício que vincule a ETA aos atentados, o ministro respondeu: "Na investigação, nenhum". A declaração contraria o que Acebes sustentou durante as 72 horas posteriores aos ataques de 11 de março.

No entanto, o ministro Acebes insiste que não mentiu em nenhum momento aos espanhóis sobre as pistas que eram investigadas para elucidar a autoria dos atentados cometidos contra quatro trens suburbanos.

Questionado sobre uma possível "falha fundamental" do Estado nos atentados de 11 de março, o ministro afirmou que "o terrorismo islâmico é de uma grande complexidade" e negou veementemente qualquer erro dos serviços de inteligência.

No sábado, durante uma solenidade de apoio à direção do Partido Popular (PP), derrotado nas eleições gerais de 14 de março, o presidente do governo, José María Aznar, admitiu a responsabilidade de um grupo terrorista "de caráter islâmico" nos atentados.

No dia 11 de março, Acebes afirmou que "sem dúvida nenhuma" a ETA estava por trás da tragédia. Depois da descoberta dos primeiros elementos sobre uma possível pista islâmica, Acebes continuou afirmando que a pista privilegiada era a ETA.

Quando o jornal pergunta "O que o senhor fez de errado depois dos atentados, se arrepende de algo?", ele não se dá por vencido. "Não me arrependo de nada. Minuto a minuto contei aos espanhóis o que acreditava que deviam saber, sem prejudicar a investigação, mas com total clareza", respondeu.

Mais uma vítima - Uma mulher que estava em um dos trens atacados no dia 11 de março em Madri e foi internada com ferimentos graves num hospital da cidade morreu nesta segunda-feira, aumentando para 191 o número de mortos do pior atentado terrorista da história da Espanha, informaram fonte ligadas à área da saúde.

A vítima, 49 anos, estava internada em estado grave no hospital 12 de Outubro da capital espanhola, de acordo com o Conselho de Saúde da Comunidade de Madri, que não revelou a identidade da mulher.