Economia Titulo Demissão
Operários acampam em fábrica da Panex

Cerca de 200 funcionários foram desligados
após unidade anunciar transferência para o Rio

Gabriel Russini
Especial para o Diário
18/02/2017 | 08:32
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Denis Maciel/DGABC


Vinte funcionários da Panex estão acampados em frente ao prédio onde funcionou, por sete décadas, a tradicional fábrica de utilidades domésticas, no Jardim Calux, São Bernardo. Eles protestam contra o anúncio de demissão dos 200 trabalhadores da unidade, fundada em 1948. O desligamento foi comunicado na quinta-feira, mas a companhia não deu detalhes. A produção está paralisada.

A falta de informação preocupa os funcionários. “Além de os dirigentes sequer nos avisarem antecipadamente sobre o fechamento dos portões, no momento das demissões havia um aparato enorme de seguranças e até ambulância. Isso significa que eles se blindaram antes de dar a notícia. Ou seja, foi tudo planejado”, afirmou o pintor Crivone Leite de Silva, 50 anos, funcionário com 24 anos de casa.

O grupo francês SEB, dono da Panex e de outras marcas conhecidas, como Arno, Clock e Rochedo, afirmou que vai transferir a produção da fábrica de São Bernardo para Itatiaia, no Rio de Janeiro. A operação será feita por fases, com previsão de início em julho e encerramento em dezembro.

A crise econômica enfrentada pelo Brasil ajudou na decisão de encerrar as atividades em São Bernardo, afirmou a companhia, em nota: “A decisão foi tomada após diversas medidas serem adotadas para que a fábrica permanecesse no local. Porém, fatores como momento econômico do País, dificuldades mercadológicas, alta volatilidade cambial, baixa produtividade e altos custos de produção contribuíram para este cenário insustentável”.

Os funcionários disseram ter se esforçado para evitar o fechamento da unidade são-bernardense. “Todo mundo contribuiu da melhor forma possível, muitas vezes abrindo mão de estar com a família nos fins de semana”, lembrou o eletricista Ronaldo Gabriel, 44.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC convocou os funcionários dos dois turnos para assembleia na segunda-feira, às 5h30. A ideia é discutir com os trabalhadores algum tipo de alternativa ao fechamento da unidade ou à demissão em massa.

Para o diretor do sindicato José Paulo da Silva, a resistência contra o grupo SEB está apenas começando. “Queriam que os funcionários baixassem a cabeça, mas nós não aceitamos isso.” A entidade entende que existe a possibilidade de manter a unidade em funcionamento. “Queremos caminhos alternativos. Vamos entrar em contato com a matriz (na França) se for preciso.”




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