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Ovos de Páscoa terão reajuste médio de 6% nas prateleiras neste ano

Lançamentos recuam a 120 itens após vendas caírem 27%; Brasil ainda é quinto maior consumidor

Gabriel Russini
Especial para o Diário
08/02/2017 | 07:09
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Os nove principais fabricantes de chocolate do País participaram ontem da 28ª edição do Salão da Páscoa, evento realizado pela Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados). Ao todo, foram apresentados 120 novos produtos que estarão nas prateleiras dos comércios semanas antes do 16 de abril, a data pascoal deste ano. O número, no entanto, é 18,3% menor do que o apresentado em 2016, quando foram lançados 147 itens. O recuo nas novidades decorre do tombo de 27% nas vendas do ano passado.

Diante do cenário mais amargo, os ovos de chocolate deverão receber reajuste médio de 6%, a fim de repor a inflação que, conforme o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2016, foi de 6,29%. No geral, as fabricantes afirmaram que os preços não sofrerão reajustes incompatíveis ao bolso dos brasileiros.

Apesar do baque provocado na Páscoa, devido ao ano “atípico”, conforme o presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca, as empresas do setor estão mais otimistas para este ano, e dispostas a recuperar parte do prejuízo de 2016.

Para o gerente de marketing para a Páscoa da Nestlé, André Laporta, o setor vai registrar mais vendas neste do que o ano anterior em razão da mudança de data, do clima e do “costume” dos consumidores. “O momento em que a Páscoa de 2016 aconteceu foi o mais crítico porque a data foi celebrada no primeiro trimestre (27 de março), quando as famílias têm muitas dívidas de início de ano para pagar, como material escolar dos filhos, IPTU e IPVA. Em abril, este período já terá passado, e o clima vai ajudar, pois as pessoas costumam consumir mais chocolate em temperaturas mais amenas. Sem contar que os consumidores estão mais acostumados com a realidade (de crise).”

O volume de ovos de chocolate produzidos em 2016 foi 27,5% menor do que em 2015, ao recuar de 80 milhões para 58 milhões de unidades fabricadas. Consequentemente, o número de toneladas de chocolate usadas para a data caiu 27,4%, ao passar de 19,7 mil para 14,3 mil.

De acordo com Fonseca, no entanto, a confecção de chocolates cresceu 13,2% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período do ano anterior, e passou de 347,5 mil toneladas para 393,4 mil toneladas. “Começamos a recuperar a produção de chocolate e os esforços das indústrias foram essenciais para proporcionar o índice de aumento”, explica. Outro fator que anima as empresas do ramo é o aumento de 16,1% das exportações em 2016.

Para Fabio Pessoa, gerente de marketing da Ferrero, a estratégia da marca para este ano é “nacionalizar” os produtos da empresa. “Nossos comerciais são sempre de fora, mas, para este ano, queremos tornar o produto mais conhecido, mais local, por exemplo, com a participação da atriz Giovanna Antonelli, que estará na televisão semanas antes da data”.

POTENCIAL - Com consumo per capita de 2,5 quilos por ano, o Brasil é o quinto maior consumidor de chocolate do mundo, gerando em 2015 faturamento de R$ 12,4 bilhões. De acordo com a Abicab, são os europeus que mais consomem chocolate no mundo, entre oito e 11 quilos anuais.

De acordo com a pesquisa Ibope encomendada recentemente pela associação, 63% dos brasileiros possuem o hábito de presentear com chocolates na Páscoa.


Data vai gerar 25 mil vagas temporárias

A Abicab estima que as indústrias chocolateiras devem gerar 25 mil empregos temporários em todo o Brasil, volume 13,8% menor do que em 2015, quando foram estimadas 29 mil. Desse total, 15% devem ser destinadas para trabalhar nas linhas de produção. As demais 85% serão direcionadas para a área de promoção e vendas. “Os números confirmam o compromisso das fabricantes em gerar emprego e investimento, o que contribui para a recuperação da economia”, analisa o presidente da associação, Ubiracy Fonseca.

APOSTA - Para atrair consumidores, mas ao mesmo tempo se readequar à realidade de crise, as marcas apostam em portfólio mais enxuto de novidades.

A Nestlé, por exemplo, aposta no Surpresa para crianças (e adultos nostálgicos), que vem com álbum e dez cartões colecionáveis sobre dinossauros. Para jovens, a aposta da marca é o Kit Kat, que vem com speaker bluetooth (caixa de som). Em relação à faixa etária mais elevada, as novidades são o ovo Vintage, além do Prestígio Dark. Já a Arcor e a Village decidiram investir no público infantil com dois lançamentos cada: o Moana e o Tortuguita de Montar, da Arcor, e Masha e o Urso e o Scooby Doo, da Village.

O lançamento da Ferrero é o Grand Ferrero Rocher, espécie de bombom ‘gigante’. A Lacta aposta no Bis Oreo branco e, a Cacau Show, no Cookies & Cream. A Kopenhagen inova no ovo com amêndoas e cerveja artesanal.  




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