Economia Titulo Segundo Anfavea
Produção de veículos sobe 17,1% em janeiro

No entanto, volume se iguala ao patamar de 2009; exportações obtêm o melhor resultado em 9 anos

Gabriel Russini
Especial para o Diário
07/02/2017 | 07:22
Compartilhar notícia


A produção de veículos foi 17,1% maior em janeiro, em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do incremento, que levou à fabricação de 174,1 mil unidades, o patamar semelhante ao registrado nos 31 dias iniciais de 2009, quando haviam sido montados 180 mil exemplares. A estatística para o mês é a segunda pior em 11 anos.

Os dados foram divulgados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Os dados não são nada animadores também em comparação a dezembro, já que o volume fabricado é 12,9% menor. A retração do mercado automotivo é resultado do aumento do desemprego, que ocasiona queda de renda da população e, consequentemente, a diminuição do consumo.

Para o presidente da Anfavea, Antonio Megale, a expectativa por parte dos fabricantes, apesar do momento recessivo na economia, é boa para este ano. “Já esperávamos que o mês de janeiro e o primeiro trimestre como um todo fossem difíceis. Afinal, apesar de diversos indicadores já apontarem sinais positivos, o nível de desemprego ainda está alto. Nossa expectativa para o restante do ano é de uma melhora gradual, a partir de março”.

Megale afirmou, no entanto, que o aumento da produção frente a janeiro de 2015 mostra que as fabricantes estão se antecipando a um aquecimento do mercado nos próximos meses.

O estoque de veículos aumentou substancialmente no mês passado. Ao somar o total de unidades prontas nas fábricas e concessionárias, havia 186,4 mil exemplares, enquanto que em dezembro o montante era equivalente a 26 dias (176,2 mil unidades).

Ao mesmo tempo, as vendas de veículos zero-quilômetro caíram 5,2% ante janeiro de 2015 e 28% frente a dezembro, com 147,2 mil unidades.

EXPORTAÇÕES - A situação só não está pior em razão das exportações; com o mercado interno sem reações, as empresas do setor se voltaram para o Exterior. As vendas de veículos a outros países cresceram 56% em janeiro, ante igual período em 2016, e alcançaram 37,2 mil unidades, melhor resultado desde 2008. Frente a dezembro, porém, houve baixa de 40,8%. No último mês do ano, o setor registrou a maior marca de exportações da história, com 62,9 mil unidades, devido ao aumento do comércio com Colômbia, Chile e México.

Apesar de parceiro, a relação com os mexicanos pode ser afetada com a gestão do presidente norte-americano Donald Trump. Isso porque o republicano acusou a Ford, segunda maior fabricante de automóveis dos Estados Unidos, de transferir postos de trabalho e investimentos para o México, e ameaçou taxar o País vizinho em 35% pelos carros fabricados por lá. Quanto à GM, já houve reflexo: 2.200 operários de São José dos Campos, no Interior, vão entrar em férias coletivas neste mês devido à suspensão das exportações da caminhonete S10.

Questionado sobre o impacto da medida protecionista, o diretor da ADK Automotive, Paulo Roberto Garbossa, acredita que ao menos por enquanto o País não deve ser mais afetado. “Nada acontece de uma hora para outra, a relação entre Brasil e México é bilateral (para vender tem que comprar), e em princípio vai continuar assim”, explica.

Em relação ao aumento de exportações, Garbossa diz que a desvalorização do dólar (na casa de R$ 3,20), aliada ao péssimo momento interno fazem com que as empresas vendam mais para fora. “Trata-se de engrenagem. Para que se produzam mais carros, a população tem que estar empregada e com mais acesso ao crédito, para que, enfim, possa voltar a consumir.”


Emprego retrocede a nível de 2001

Em janeiro, o nível de emprego nas associadas da Anfavea estava em 121,1 mil trabalhadores – menor patamar desde 2001. A eliminação de emprego é reflexo da crise e da freada nas vendas de carros.

Embora frente a dezembro tenha havido certa estabilidade, com queda de 0,04% e corte de 100 postos, em relação a janeiro de 2016 as dispensas atingiram 8.500 trabalhadores.

E não é só isso. Ano a ano as montadoras têm demitido grandes volumes de profissionais. Em janeiro de 2016, 14,7 mil tinham perdido o emprego no período de 12 meses. No mesmo mês em 2015, os cortes atingiram 9.651 em igual intervalo.

No ano passado, 3.306 postos foram eliminados em montadoras da região (Mercedes-Benz, Volkswagen, GM e Ford) por meio de PDVs (Programas de Demissão Voluntária). Outros 530 (GM e Mercedes) foram mandados embora.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;