Em outubro, receitas das firmas caíram 30%, o que levou a perdas de R$ 807,8 milhões
Os micro e pequenos empreendedores da região precisam fazer malabarismos para driblar os números negativos deste ano, afinal de contas, o desempenho dessas empresas no período de 12 meses – quando comparado o faturamento de outubro com o do mesmo mês em 2015 – apresentou tombo de 30%, já descontada a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Em cifras essa queda representa R$ 807,8 milhões a menos aos cofres dessas firmas.
Na comparação mensal e no acumulado do ano (janeiro a outubro) os índices também são assustadores, com quedas respectivas de 16,8% e 15,5% nas vendas das MPEs (Micro e Pequenas Empresas) das sete cidades. Entre setembro e outubro, o faturamento diminuiu em R$ 380,3 milhões, enquanto que de janeiro a outubro, o rombo foi de R$ 4 bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo Sebrae-SP.
A retração nas receitas das micro e pequenas empresas da região é maior do que na média do Estado de São Paulo, onde houve queda de 8,3% no faturamento real em outubro, em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, faturamento das firmas paulistas foi de R$ 49,8 bilhões, redução de R$ 4,3 bilhões na comparação com 12 meses atrás. No acumulado do ano, a diminuição nos cofres dessas companhias foi de 12,1% em relação a igual período em 2015.
A crise econômica pela qual o País atravessa puxa consigo os altos níveis de desemprego e a elevada inflação, ao mesmo tempo em que o cenário político é incerto. Tudo isso contribui para represar o consumo. Por isso, esses fatores foram decisivos no desempenho das micro e pequenas empresas, segundo o consultor do Sebrae-SP Pedro Gonçalves. “O Grande ABC apresenta uma queda no faturamento maior do que a média estadual, como um todo, porque a região é bastante industrial, justamente o setor mais atingido pela recessão da economia.”
Vale lembrar que os micro e pequenos empresários na região são a ponta da pirâmide. Um exemplo, como as sete cidades são bastante industrializadas, boa parte dessas companhias abastece autopeças, que são ligadas às montadoras. Se a grande empresa tem queda nas vendas, isso acaba freando sua produção e todo o resto da cadeia sofre – o impacto aos pequenos empresários é ainda maior.
Gonçalves acredita que, neste momento, o empreendedor deve ter muita cautela e fazer sério planejamento quanto ao seu fluxo de caixa. “Nos próximos meses, os cuidados devem ser redobrados, já que muitos funcionários estão de férias. E o pagamento de tributos faz parte das contas das empresas e dos consumidores a partir de janeiro. Esses fatores sinalizam provável estagnação nas vendas, o que interfere diretamente nas vendas. Portanto, nesse período, a atenção aos estoques é fundamental, pois as firmas precisam ter mercadorias disponíveis, mas não ao ponto de ficarem encalhadas. Por fim, elas devem fazer adaptações, melhorar os preços dos itens vendidos, de modo que compradores consigam pagar à vista, com desconto, evitando o parcelamento em mercado tão incerto.”
Considerando esses números e o cenário geral da economia, o Sebrae-SP estima que as MPEs registrarão, até o fim de 2016, perdas entre 10% e 12% nas receitas ante 2015.
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