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Qualificação é entrave para emprego
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/02/2011 | 07:18
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A principal dificuldade das pessoas em busca de emprego no País é a falta de capacitação e não a falta de vagas. É o que aponta pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgada ontem.

Dos entrevistados pelo instituto, 24% citam que não têm experiência ou habilitação exigida, frente a 17% que relatam que há falta de trabalho em sua área ou concorrência muito grande.

Os dados ilustram o cenário de descompasso no mercado de trabalho: apesar de diversos segmentos mostrarem aquecimento (como a construção civil e o setor de petróleo), com disposição das empresas em contratar, ao mesmo tempo, há muitos trabalhadores que não conseguem se recolocar devido a novas exigências profissionais.

Para o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Brunu Amorim, isso mostra a importância de políticas públicas de qualificação, para ajustar o que a população à procura de emprego tem a oferecer às necessidades do setor empresarial.

A diretora do departamento de geração de emprego, trabalho, qualificação e renda da Prefeitura de Santo André, Mônica Mandorino, afirma que há essa dificuldade para o preenchimento de vagas disponibilizadas pelas empresas no CPETR (Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda).

Embora, nesse município, tenha havido aumento de 32% na colocação de trabalhadores no mercado por intermédio do centro público em 2010 frente a 2009 - houve no ano passado a inserção de 6.538 pessoas -, a diretora cita que há pesquisa em andamento para novos cursos de forma a ajustar a sintonia entre a demanda e a oferta.

"A melhor forma de inserir é qualificando. No ano passado já formamos cerca de 4.000 pessoas", diz. A Prefeitura ministra cursos de pedreiro assenteiro, drywall (que faz paredes de gesso), eletricista, costureira, entre outros, e deve ampliar a grade de aulas, a partir de abril.

 

FILTROS - O estudo do Ipea aponta ainda que, além da falta de capacitação e de oportunidades, as pessoas esbarram também em dificuldades de passar nos filtros para a contratação: sentem-se em alguns casos (10%) discriminadas nas seleções ou consideram os processos seletivos complicados (13%).

 

TEMPO - Ainda de acordo com a pesquisa do instituto, cerca de 45% dos desempregados procuram trabalho há mais de seis meses. Cerca de 25% estão há mais de um ano procurando trabalho. Para Amorim, essa situação é preocupante porque representa risco de perda de habilidades e vínculos profissionais.

Além disso, há o fato de que a cobertura do seguro-desemprego é de no máximo cinco meses (em média é de quatro), o que indica, segundo o especialista, "uma lacuna em termos de proteção social".




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