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Igrejas ortodoxas insistem na necessidade de diálogo com papa
Da AFP
20/04/2005 | 18:16
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As igrejas ortodoxas reagiram com cautela, nesta quarta-feira, à eleição do cardeal Joseph Ratzinger como novo papa, exigindo que o Vaticano dê continuidade aos diálogos, após as relações tensas durante o pontificado de João Paulo II.

O patriarca de todas as Rússias, Alexis II, desejou "um diálogo frutífero", apesar de, após o fim da União Soviética, a relação entre ortodoxos russos e católicos ter se tornado muito difícil. "Espero que o pontificado de Sua Santidade seja marcado pelo desenvolvimento de boas relações entre nossas duas igrejas, por um diálogo frutífero entre ortodoxos e católicos", disse, acrescentando que este diálogo "tem uma importância determinante para todo o mundo cristão".

Até o meio da tarde, o patriarcado de Moscou não havia reagido oficialmente à eleição de Bento XVI.

A tensão entre as duas igrejas aumentou em 2002, quando a Santa Sé criou quatro dioceses permanentes na Rússia, enquanto a oposição do patriarca Alexis II impediu João Paulo II de realizar o sonho de visitar a Rússia, onde o número de católicos é estimado pelo Vaticano em 1,5 milhão de fiéis. A Igreja russa afirma que eles são apenas 100 mil.

O patriarca de Constantinopla, autoridade espiritual mais importante da Igreja Ortodoxa, convidou o novo papa a dar prosseguimento ao diálogo entre as igrejas cristãs iniciado por João Paulo II.

A Igreja Ortodoxa sérvia, que teve uma relação tensa com o Vaticano durante o pontificado de João Paulo II, ao ponto de não ter sido mencionada nas missas após a morte do papa, também destacou a necessidade de diálogo.

Na Romênia, primeiro país majoritariamente ortodoxo visitado por João Paulo II, a Igreja também destacou a necessidade de diálogo. O porta-voz do patriarcado de Bucareste, Constantin Stoica, destacou que o novo papa tem "amplos conhecimentos sobre as igrejas orientais".

A Igreja Ortodoxa da Bélgica distinguiu-se pela reserva, citando o medo de que o debate ecumênico termine após a eleição do cardeal Ratzinger. "Esperávamos um papa que preconizasse a abertura para outros cristãos, mas somos obrigados a constatar que, sem dúvida, não se trata de uma eleição acertada neste sentido", disse o bispo Aténagoras de Sinope.

Na Grécia, país 98% ortodoxo, a Igreja não é separada do Estado e ainda não reagiu à eleição de Ratzinger. Muito rancorosa com o papado, a Igreja grega havia iniciado um degelo da relação com o Vaticano com a visita histórica de João Paulo II a Atenas, em maio de 2001.




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