O presidente do Instituto Nacional de Colonizaçao e Reforma Agrária (Incra), Nelson Borges, garantiu, nesta quinta-feira (8), em Brasília, a uma comissao de trabalhadores rurais beneficiados pela Reforma Agrária, do Município de Branquinha (AL), que todos os assentados que ainda nao receberam a última parcela de financiamento referente a custeio, ou aqueles que ainda nao receberam nenhuma, irao recebê-las tao logo sejam ajustadas as novas linhas de crédito do Pronaf.

Os parceleiros dos assentamentos de Eldorado de Carajás, Flor do Mundaú e Santo Antônio da Boa Vista, todos em Branquinha, vieram a Brasília pedir a liberaçao da última parcela do antigo Procera para iniciar a produçao, já que começa a chover na regiao.

Um dos assentados, Genivaldo Vieira da Silva, tesoureiro da Central Estadual de Associaçoes de Assentados e Pequenos Agricultores, explicou que além de aproveitar as chuvas, os agricultores querem garantir a renda para iniciarem o pagamento do financiamento que assegurou a instalaçao de infra-estrutura de irrigaçao e energia elétrica nos três assentamentos.

Crescimento - Há dois anos, o município de Branquinha era classificado pela Organizaçao das Naçoes Unidas (ONU) como o segundo mais pobre do país e o mais pobre do estado. A realidade de lá começou a mudar com a implantaçao, há dois anos e meio, de cinco projetos de assentamento na regiao. Graças aos assentamentos, a vida está mudando em Branquinha para melhor como aliás ser ocorre em outras pequenas cidades do país onde o Incra desenvolve seus projetos.

Com financiamentos do Procera e a assistência técnica do projeto Lumiar, os três assentamentos instalaram energia elétrica e uma rede de irrigaçao que atende a cada uma das 326 parcelas dos três assentamentos representados pela comissao que visitou o Incra.

A vida do assentado Antônio Carlos Lins está ganhando em qualidade. Ele diz que era "trabalhador de cana" e que, com o declínio do Proálcool, o trabalho nas usinas foi escasseando. "Na usina nao dava mais: eles queriam cada vez mais e pagavam cada vez menos. A saída era a lavoura", disse Lins, que agora espera poder plantar frutíferas e hortaliças para a produçao comercial, uma vez que a subsistência está garantida. "Ninguém mas passa necessidade", comemora.

Comercializaçao garantida Jaílson Cunha, engenheiro agrônomo do Lumiar que atente aos três assentamentos tem grandes planos para a área. "Na maioria das glebas, vamos implantar hortas e pomares, mas já estudamos a implantaçao de projetos de piscicultura e de criaçao de porcos e frango caipira, que hoje tem uma grande aceitaçao no mercado", disse Jailson.

Os pomares vao complementar a renda das propriedades daqui a dois ou três anos, quando Jaílson espera já Ter implementado, também, a verticalizaçao da produçao, com os processando e embalando seus produtos para vender diretamente aos supermercados, "driblando" o atravessador.

De acordo com o superintendente do Incra em Alagoas, Ricardo Vitório, já existem supermercados interessados na produçao da regiao de Branquinha, que, na sua opiniao, vai se transformar em um grande pólo de produçao e comercializaçao agrícolas.

"Tenho certeza de que estes assentamentos vao-se tornar auto-sustentáveis tao logo comecem a produzir em escala, porque contam com uma rodovia federal e uma ferrovia, ambas cortando a regiao, além da infra-estrutura como rede elétrica e irrigaçao, implantados com recursos do Incra", disse Vitório.

Toda a regiao da grande Maceió é, na opiniao do superintendente, um grande mercado potencial para os agricultores de Branquinha, já que 90% dos produtos agropecuários ali consumidos vêm de Pernambuco, Sergipe e Bahia.