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Metalúrgicos querem Câmara Setorial do setor de transporte
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
04/04/2005 | 13:47
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Uma câmara setorial para o setor de transportes. Essa é a reivindicação de representantes sindicais de trabalhadores metalúrgicos e do setor de transportes ligados à CUT e à Força Sindical. Os sindicalistas querem discutir com o governo federal políticas principalmente para a área de transportes terrestres.

O pedido de nova câmara setorial foi definido domingo no último dia do Encontro Nacional Auto e Política de Transportes, em São Bernardo. A reivindicação fará parte de um documento a ser entregue ao governo nos próximos dias. Outra proposta a ser endereçada é que haja um programa de renovação da frota de veículos, exigência antiga do setor automotivo.

“Basicamente queremos voltar a ter um fórum tripartite (empregados, empresários e governo) com todos os atores do setor de transportes, incluindo a indústria de veículos, para interferir na política industrial”, afirmou o secretário de organização da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) da CUT, Valter Sanches.

Segundo Sanches, em que pese o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter tido sensibilidade para atender questões pontuais do setor automobilístico – como o programa emergencial que há dois anos reduziu em três pontos percentuais o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos veículos durante alguns meses –, não deu atenção para os fóruns de competitividade, que foram esvaziados.

Para o dirigente da CNM, a falta de participação de trabalhadores e empresas nas discussões de política industrial explica o fato de o programa Modercarga, de financiamento de caminhões para autônomos, não ter dado certo. “O Modercarga não atende o mercado porque não foi discutido pelos atores sociais e por isso, não surtiu o efeito de renovar a frota de caminhões”, afirma.

Além de reivindicar uma câmara setorial, o documento de propostas dos sindicalistas abordará também a necessidade de renovação da frota de veículos. Sanches cita que a idade média da frota de ônibus no país é de 11 anos e a dos caminhões, de 18 anos. No caso dos carros, 35% da frota em circulação tem mais de 10 anos, de acordo com estimativa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos e Sócio-Econômicos).

Na avaliação do sindicalista, um programa de renovação de frota estimularia a produção de veículos e também teria impactos positivos no meio-ambiente e na redução dos acidentes de trânsito. “O carro antigo, de antes de 1994, polui cinco vezes mais que o atual, sem falar nas condições de segurança”, afirma.

Matriz – O encontro realizado em São Bernardo, que reuniu representantes de sindicatos dos metalúrgicos, aeroviários, metroviários, ferroviários, rodoviários e portuários, definiu ainda outras prioridades para o setor de transportes. No documento a ser enviado à Secretaria Geral da Presidência, os trabalhadores, por exemplo, colocam a necessidade de mudança da matriz do transporte, concentrado no modelo rodoviário, para o ferroviário e o fluvial.

Além disso, os sindicatos pretendem pedir a regulamentação do uso por Estados e municípios do Cide (imposto que incide sobre os combustíveis) para que os Estados sejam obrigados a aplicar 50% dos recursos arrecadados em transporte público. Para os municípios, a intenção é que toda a arrecadação seja destinada a essa finalidade.



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