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Bancos lucram com taxas elevadas, diz analista
16/09/2003 | 23:11
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A principal fonte de receita para os bancos no primeiro semestre foram as operações de crédito, que responderam por 39,55% do total, e não os ganhos de tesouraria, que ficaram em segundo lugar, com 34,97%. A forte contribuição da carteira de crédito para as receitas se deve, no entanto, às altas taxas cobradas de consumidores e empresas, e não ao volume de empréstimos, adverte o presidente da consultoria Austin Asis, Erivelto Rodrigues, autor do estudo que analisa o desempenho de 125 bancos nos primeiros seis meses do ano.

No período pesquisado, essas instituições tiveram o lucro de R$ 8,574 bilhões – resultado 3,17% inferior ao registrado no mesmo período de 2002. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido ficou em 22,5%. Rodrigues afirma que as receitas advindas de operações de crédito são a maior fonte de receita para os bancos porque os spreads (diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada dos clientes) são altíssimos.

Títulos – No caso das pessoas físicas, o spread médio é de 57%. "Os spreads brasileiros são os mais altos do mundo", afirma Rodrigues. O volume de empréstimos é muito baixo. Como os juros são muito elevados e a dívida em títulos do governo federal é muito expressiva, os bancos acabam direcionando boa parte de seus recursos financeiros para comprar títulos públicos.

E é do ganho de tesouraria com títulos e valores mobiliários (papéis públicos, em sua maior parte) que vem a segunda principal fonte de receita para os bancos. Rodrigues destaca que as instituições ganham dinheiro com os juros pagos pelos títulos públicos e também com a volatilidade do mercado, como as oscilações do câmbio.

Segundo ele, os bancos se beneficiam das operações de tesouraria, aproveitando, por exemplo, os juros elevados dos títulos públicos. "O sistema financeiro ganha dinheiro com essas operações, mas é preciso lembrar que, para o governo, os bancos são importantes para rolar a dívida."

Na segunda-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que os bancos vivem de tesouraria, e não de empréstimos para o setor produtivo. Esta terça-feira, Febraban reagiu às críticas. O presidente Gabriel Jorge Ferreira citou a concorrência do Estado – tomador de recursos no mercado para cobrir despesas –, o recolhimento de parte do dinheiro captado pelas instituições ao BC (compulsório), a cunha fiscal elevada e a inadimplência como fatores que contribuem para que os juros sejam elevados.




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