Economia Titulo
Empréstimos encarecem em janeiro
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
25/02/2011 | 07:06
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O consumidor teve a maior taxa média de juros nas operações de crédito dos últimos 15 meses. O custo dos empréstimos e financiamentos do SFN (Sistema Financeiro Nacional) girou em torno de 43,8% ao ano em janeiro.

Para o BC (Banco Central), a elevação da taxa média era prevista. Em nota, a autarquia monetária afirmou que um dos impactos das medidas macroprudenciais implementadas em dezembro de 2010 no crédito a pessoas físicas foi a "expressiva elevação das taxas de juros".

Outubro de 2009 foi o último mês com resultado maior do que janeiro, com juros de 44,2% ao ano. Em dezembro, a taxa média anual era 3,2 pontos percentuais inferior.

Na comparação mensal, o custo do crédito pessoal em operações pré-fixadas avançou 4,2 pontos percentuais. A taxa anual passou de 44,1%, em dezembro, para 48,3% em janeiro.

E os financiamentos de veículos, que foram um dos focos das medidas macroprudenciais do BC, também encareceu. As taxas anuais médios pularam de 25,2% para 27,2% no mês passado.

Os juros dos empréstimos para aquisição de automóveis são os maiores desde maio de 2009. Naquela época, a taxa média anual estava em 29,1%. Mas o cenário econômico era outro. Os índices desciam mês a mês após atingir maior patamar desde 2003, em novembro de 2008 com 37,7% ao ano, devido à crise financeira mundial.

Para o BC, as medidas macroprudenciais cumpriram seus objetivos. "A elevação das alíquotas dos recolhimentos compulsórios e do fator de ponderação do risco em empréstimos de longo prazo a pessoas físicas desestimulou novas contratações, sobretudo de financiamentos para aquisição de veículos, ao mesmo tempo em que resultou em elevação das taxas de juros."

A Ferramenta de crédito que está entre as mais caras do mercado, o cheque especial também subiu. Os juros passaram de 170,7% para 172,6% ao ano, na comparação mensal.

LIVRE - Para apurar as taxas, o BC considerou 54% do total de crédito contratado pelos consumidores, no País, em janeiro, ou seja, R$ 426,9 bilhões. Os recursos são livres, que são valores emprestados pelos bancos que não estão vinculados a programas do governo.

 

Famílias são menos prejudicadas do que empresas

Os consumidores sofrem menos no cenário de juros em alta do que o setor privado, afirmou o especialista em finanças pessoais André Massaro. "O empresário tem que captar recursos para continuar produzindo. Ele precisa de investimentos e, normalmente, segue ao sistema financeiro para conseguir esses recursos", explicou Massaro.

Portanto, com juros mais altos o poder de produção das companhias reduz, já que o custo para investir aumentou. E a tendência é que o faturamento siga o mesmo caminho.

CONSUMIDOR - De acordo com o professor de Economia da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Radamés Barone, a percepção da pessoa física quanto ao juro é baixa.

"O consumidor só olha para a prestação se ela cabe no seu bolso. Esta alta de juros de janeiro não pesa tanto nas parcelas, então ele nem percebe", explicou Barone.

Ele observa que a inflação é bem mais prejudicial para as famílias do que o encarecimento do crédito. O consumidor percebe quando os preços sobem. O poder de compra da sua renda é reduzido.

No entanto, Barone destacou que se o BC adotasse medida de redução de parcelas nos empréstimos, e ao mesmo tempo elevação nas taxas, os juros teriam maior impacto.

Na última reunião do Copom (Comitê de Política Econômica do BC), em janeiro, a taxa básica de juros Selic foi elevada. O argumento da autarquia foi segurar a pressão inflacionária.

E segundo Massaro, esse processo se daria se a população fosse desestimulada a consumir porque o crédito está caro. Mas Radamés destacou que a inflação deste ano é dos alimentos e serviços, cuja necessidade de crédito é menor.

 

BC não vê surpresa no crescimento morno

As medidas de contenção ao crédito no País tiveram efeito em janeiro, de acordo com avaliação do BC. "A evolução moderada das operações de crédito do sistema financeiro, em janeiro, refletiu o impacto das medidas macroprudenciais implementadas em dezembro de 2010 no crédito a pessoas físicas". O crescimento mensal foi de 0,5%, com R$ 1,7 trilhão em empréstimos.

Não há evolução menor do que a do mês passado desde abril de 2009, quando o incremento sobre março daquele ano no salto total de crédito no País foi de 0,4%.

MUDANÇAS - No dia 3 de dezembro o BC aumentou o percentual de depósitos compulsórios, que são o dinheiro dos bancos que ficam guardados na autarquia. A medida tinha em vista retirar mais montante das instituições financeiras do mercado, assim proporcionar encarecimento e redução na oferta.

Com isso, houve o aumento do percentual de entrada em financiamentos parcelados em mais de 24 vezes para os consumidores. Desta maneira, a demanda por financiamento de veículos diminuiria.

Com base no volume de crédito referencial para pessoa física, 54% do total para este grupo, a demanda por recursos para aquisição de veículos subiu 1,5% em janeiro contra o mês anterior.

O crescimento, na comparação mensal, foi inferior ao do crédito pessoal (1,8%), cheque especial (12,2%) e financiamento imobiliário (4,7%).




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