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Vice-presidente de design quer manter influência japonesa
Sueli Osório
Do Diário do Grande ABC
01/12/2010 | 07:20
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O vice-presidente da Nissan Design América - divisão da montadora na América do Norte situada em San Diego - , Alfonso Albaisa, é norte- americano de origem cubana e ocupa o cargo desde abril. Albaisa é responsável pelo design na região das Américas e participa do planejamento de estratégias de design para futuros produtos para as marcas Nissan e Infiniti.

Há 22 anos na empresa, já atuou no Japão e Inglaterra e participou do desenvolvimento de veículos em três dos cinco centros de design globais. Recentemente, participou da criação dos modelos Juke, Altima, Maxima e Rogue.

Em entrevista exclusiva ao Diário, falou como vê os carros brasileiros, sobre as linhas características dos modelos japoneses, o elétrico Leaf e as tendências para o futuro.

DIÁRIO - O que você acha dos carros brasileiros?
ALFONSO ALBAISA -Se parecem com os carros europeus, são mais compactos. Gosto de ver as pessoas dirigindo nas ruas, eu sei que o mercado está mudando, crescendo rapidamente, como a economia em geral, o que é muito positivo, e com esse crescimento nós queremos trazer o design icônico.

DIÁRIO - O sr. não acha o brasileiro muito conservador na escolha das cores?
ALBAISA - Sim, eu gosto de cores mais vibrantes. Eu sei que isso reflete preocupação com a facilidade de revenda, mas espero que, com o crescimento do mercado, isso mude, e que possamos trazer cores muito atraentes.

DIÁRIO - Quais as diferenças entre os mercados europeu, norte-americano e brasileiro?
ALBAISA - Nos Estados Unidos há uma escala maior de produção, as ruas e avenidas são mais largas e os veículos bem maiores. Aqui no centro (de São Paulo) há carros médios, eu sinto que aqui os carros são mais parecidos com os europeus, talvez pela influência das fabricantes europeias, eu sinto essa mistura do estilo europeu e brasileiro, isso é muito forte.

DIÁRIO -O design japonês é bem característico. A Nissan pretende globalizar o design de seus produtos?
ALBAISA - Nós temos cinco estúdios de design no mundo todo: um na China, dois no Japão, um na Califórnia (Estados Unidos) e um na Europa. Temos mais projetos globais, como o March. Queremos desenhar carros para o mundo, mas não desejamos fazer um carro que não pareça japonês, queremos ter essa influência. A história do Japão no design e na arquitetura é maravilhosa.

DIÁRIO - O senhor acha que o Leaf seria bem aceito aqui?
ALBAISA - Acho que sim. A questão é mais tecnológica. Carros elétricos não são novidade. O que é novo é a colaboração entre o governo, companhias de energia e fabricantes de automóveis. As pessoas realmente queriam carros assim, mas não havia infraestrutura para isso. Agora acho que vai ser diferente. Estamos esperançosos. Queremos que as pessoas vejam o carro, experimentem. Quando estiverem dirigindo e passarem por um posto de combustível pensarão: "Isso não faz mais parte da minha vida". O carro pode ser recarregado em casa à noite ou durante o dia, no trabalho, isso significa mudança no estilo de vida.

DIÁRIO - Além do motor, houve outros cuidados para tornar o carro sustentável?
ALBAISA - Fizemos o possível para desenhá-lo de modo que fosse muito eficiente do ponto de vista de aerodinâmica. Muitos pensam que um carro redondo é aerodinâmico, mas é exatamente o contrário. Precisamos de um formato que se pareça com uma gota de lágrima. Para um carro elétrico, a aerodinâmica é muito importante. Estamos trabalhando em quatro projetos elétricos globais. Um deles será um comercial leve elétrico, e outro um modelo de luxo Infiniti. Nós queremos marcar posição e, para nós, o caminho é o dos modelos elétricos, queremos ser inovadores. Nós fazemos híbridos, poderemos fazer modelos movidos a célula a combustível, mas nosso foco é nos elétricos.

DIÁRIO - E quais são as tendências para o interior?
ALBAISA - A tendência é expressar mais estilo, movimento, arte. Geralmente os consumidores prestam mais atenção ao interior, é a parte dos carros que eles mais vêm, e eles não só querem bons materiais, mas o formato também faz diferença.

DIÁRIO - Como você vê o design dos carros no futuro?
ALBAISA - As expectativas dos consumidores serão de ter carros mais leves, com motores menores, mais eficientes. O estilo terá mais cores, espero, cores que ofereçam conforto térmico internamente, com formatos que tenham eficiência aerodinâmica, novos materiais, leves e eficientes. Pretendemos unir a inovação da tecnologia com a do design.




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