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Ex-vereadores ficam sem espaço em São Caetano
Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
11/02/2005 | 13:46
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Nenhum dos 12 ex-vereadores de São Caetano que não se reelegeram terá vaga na administração comandada pelo prefeito José Auricchio Júnior (PTB). Também foi frustrada a esperança de alguns parlamentares de voltar à Câmara como suplente em vagas deixadas por colegas que poderiam ser chamados para compor o secretariado de Auricchio. Além disso, a redução de cadeiras promovida por resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) – com dez gabinetes a menos, a Casa passou de 21 representantes para apenas 11 –, deixou muitos veteranos de fora. A única exceção é Pedro Batissaco, que foi nomeado assessor da presidência da Câmara.

Os ex-parlamentares terão de voltar às atividades que faziam antes do ingresso no Legislativo. E há casos também de lideranças da oposição, já que dois vereadores decidiram candidatar-se à Prefeitura no ano passado: Hamilton Lacerda (PT) e Tite Campanella (PFL).

O petista conseguiu votação histórica na cidade, já que o partido jamais registrou bons índices em São Caetano. Com quatro mandatos, Lacerda decidiu disputar um cargo no Executivo e perdeu para Auricchio por apenas 10 pontos, 46% a 32%. Para se ter uma idéia, na eleição de 2000, o petista Jair Meneguelli registrou apenas 11% contra quase 80% de Luiz Tortorello. Agora, sem mandato, Lacerda tem como prioridade a chegada do segundo filho, Pedro, no fim do mês. Além disso, retomará as aulas na Faenac (Faculdade Editora Nacional) como professor de teoria geral de administração e educação ambiental, e continuará à frente da imobiliária da família. Ele garante ter recebido alguns convites para trabalhar no governo federal, mas o nascimento do filho impediu que aceitasse a mudança para Brasília. “O trabalho seria muito legal, mas a mudança está fora dos meus planos.”

Na política, Lacerda coordena a Macrorregião do PT no Grande ABC e tem planos de ser candidato a deputado estadual em 2006, além de continuar com a ONG Oficina de Idéias, criada em 2002. Sobre Auricchio, o petista diz que deseja sorte para que faça o melhor governo possível, mas avisa: “Vamos observar, fiscalizar e criticar quando necessário.”

O sobrenome de Tite também não garantiu vitória ao ex-vereador. Filho do ex-prefeito Anacleto Campanella, ficou em quarto lugar na disputa pela administração, com 6% dos votos. Tite assumiu a Câmara por duas vezes, sendo primeiro como suplente, e eleito em 2000. “Quem faz parte da política tem sempre vontade de continuar. E quem vive de voto tem de disputar eleição”, diz, sobre o futuro. No entanto, o ex-parlamentar não sabe os rumos políticos futuros e diz que ainda é muito cedo.

Ainda com perfil oposicionista, pode-se encaixar Fábio Palacio (PL). Eleito vereador em 2000, com apenas 22 anos, o ex-parlamentar adotou postura crítica nos dois últimos anos de mandato. Mas não conseguiu garantir a vaga em 2004, mesmo ficando em 9º lugar, com 1.662 votos, por conta do quociente eleitoral (quantidade mínima de votos que um partido tem de conseguir para eleger um vereador). Agora, Palacio vai esperar “abaixar a poeira” para ver que caminho seguir, mas garante que há possibilidade de o partido lançar candidato a deputado estadual no ano que vem. “Mas vamos analisar o cenário.”

No mesmo partido, mas não compartilhando do mesmo posicionamento, está Flávio Rstom. Vereador por quatro vezes e presidente da Câmara por dois anos (2001-2002), o ex-parlamentar continuará atuando como funcionário público. É médico sanitarista em UBS (Unidade Básica da Saúde) na cidade. Rstom não saiu candidato. “Não quis porque discordei da coligação feita pelo meu partido”, diz. O médico também não pensa em nova eleição, por enquanto.

Além de veteranas, as três mulheres que faziam parte da Casa não foram reeleitas. Caso de Suely Nogueira (PTB). Com dois mandatos consecutivos, não conseguiu lugar neste ano. Mas é a primeira suplente do partido. Assistente social do Ministério da Saúde, continuará trabalhando em postos da cidade e cuidará de uma ONG para famílias carentes. “Não deixarei a política, porque tive 2,2 mil votos e não posso abandonar o povo que me acompanha na vidade política.” No entanto, ainda não sabe se irá candidatar-se novamente, deixando a base preparada para ela ou para o marido, Milton Ferreira. “Vou cuidar da minha família. ”

Outro exemplo é da pemedebista Neide Domingues Figueiredo. Mulher do presidente do partido, Nilo Figueiredo, ocupou cadeira na Casa por oito anos. A ex-parlamentar não atendeu a reportagem.

A petista Vera Severiano também não se reelegeu. Com um longo histórico político, a professora já foi adversária de Luiz Tortorello nas eleições de 1988, mas perdeu a disputa. Já estava na Câmara há três mandatos.

Entre os ex-parlamentares de São Caetano, Pedro Batissaco (PPS) é o único até agora que, mesmo sem ser eleito, continuará na Câmara. Foi nomeado chefe de gabinete do presidente da Casa, Paulo Bottura (PTB). Na última legislatura, Batissaco entrou como suplente de Moacir Gallina, que morreu em setembro de 2003. Preferiu não se candidatar e apoiou Bottura. Resultado: vaga garantida. “Política é momento, ainda não encerrei minha carreira, mas hoje não pretendo me candidatar.”

Outro colega de partido de Batissaco ficou de fora: Eduardo Agostini. O médico cardiologista e clínico-geral diz que se manterá na ativa,sobretudo no consultório. “O nome político permanece, mas a minha candidatura dependerá do meu grupo.”

Com atuação mais tímida na Câmara estão os ex-vereadores João Rodrigues (PTB), Francisco de Macedo Bento, o Chico Bento (PRP), e Antonio Marcelino Gimezes (PPS). A reportagem não conseguiu falar com os ex-vereadores, mas sabe-se que o professor João Rodrigues foi nomeado diretor de uma escola da cidade, Chico Bento manterá sua antiga atividade de comerciante e Gimenez continuará administrando uma farmácia.



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