A produção industrial no Estado de São Paulo voltou a crescer em outubro. A expansão foi de 0,5% frente a setembro e, no acumulado dos dez meses iniciais de 2010 na comparação com igual período de 2009, a alta é de 11%, de acordo com pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Os dados foram bem recebidos por especialistas e representantes do setor industrial. Para o diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos) da Fiesp, Paulo Francini, foi positivo e mostra que esse ano será lembrado como um bom ano para o setor.

Para o economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Rogério Souza, é um sinal favorável, depois da queda acumulada de 2,1% de abril a setembro. "Não dá para garantir que a indústria vai se manter em trajetória positiva, mas não deixa de ser bom", afirma

No entanto, apesar da melhora na atividade das fábricas, as vendas do setor tiveram retração no mês (de 0,5%) e há preocupação com a invasão de produtos importados. Segundo Souza, o dado sinaliza que, em vez de comprar de fornecedor nacional, as empresas ampliam a substituição por componentes importados.

O movimento estaria ocorrendo também na área de bens de capital (máquinas e equipamentos). Levantamento feito pelo diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, Shotoku Yamamoto, aponta que, de março a outubro, enquanto os bens manufaturados tiveram ligeiro crescimento no período, os maquinários registraram redução.

CRISE - O patamar atual da indústria paulista ainda é 0,4 ponto percentual inferior ao do nível pré-crise de crédito global, de setembro de 2008. Dessa forma, o ritmo de recuperação tem sido lento, observa o gerente do Depecon, Paulo Henrique Teixeira.

Ele acrescenta que o aumento das importações traz preocupação, sobretudo, em relação ao desempenho da atividade no próximo ano. Para este ano, a indústria deve crescer 10% em relação a 2009, como reflexo do bom desempenho do mercado interno, do impulso no emprego e na renda e da fraca base de comparação.

Shotoku avalia que a performance do setor industrial no ano que vem ainda está na dependência da política econômica do próximo governo. "Se reduzir gastos públicos, estará no caminho certo",