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Clubes de investimento ganham espaço entre os brasileiros
Sérgio Toledo
Do Diário do Grande ABC
02/11/2009 | 07:46
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O medo de perder o dinheiro aplicando em ações, o volume pequeno de recursos disponíveis para investir em papéis na BM&FBovespa e a falta de conhecimento para operar renda variável são alguns dos motivos que afastam os poupadores da Bolsa. Mas há uma opção, que cresce a cada mês, que pode ajudar a resolver esses problemas: o clube de investimento - quando pessoas que desejam investir em ações formam um grupo.

Essa forma de aplicação deve reunir entre três e 150 integrantes e pode ser formada por famílias, funcionários de uma empresa, amigos, entre outros. "O importante é que as pessoas tenham o mesmo perfil, que é poupar no longo prazo", diz o consultor de investimentos da Coinvalores, Marcelo Rizzo Costa.

Até agosto, a BM&FBovespa registrava 2.844 clubes, com 143,2 mil investidores e patrimônio líquido de R$ 11,17 bilhões. "Por ser uma aplicação em ações, é um investimento agressivo (de risco)", afirma Costa. Um clube de investimento obrigatoriamente deve ter 51% do patrimônio aplicado em ações. O restante pode ser investido em fundos e renda fixa.

Segundo o consultor, para o pequeno investidor, esse formato tem muitas vantagens. "Se uma pessoa quer aplicar R$ 1.000 na compra direta de ações, ela fica um pouco engessada, pois não tem condições de variar os investimentos. Em um clube, essa pessoa tem uma carteira de papéis variada, o que dilui o risco." E como tem um volume para aplicação maior, originado pela soma de recursos de cada integrante, é possível comprar ações de empresas de diversos setores.

Outro benefício, de acordo com Costa, é que com essa modalidade o investidor ganha experiência para negociar ações na Bolsa, o que não ocorre com os fundos, onde o poupador não participa da decisão de compra. Além disso, segundo a BM&FBovespa, como as exigências de controle são menores, os custos são mais baixos em relação aos fundos.

As corretoras cobram taxa mensal de administração dos clubes, que varia de acordo com a empresa, mas gira em torno de 2% do valor do patrimônio. Também há a taxa de custódia. "Para um grupo que tem um patrimônio de R$ 300 mil, é cobrado cerca de R$ 15", conta o consultor. A taxa de corretagem segue tabela estabelecida pela BM&FBovespa. "O Imposto de Renda só é cobrado no resgate dos recursos", lembra Costa.EM

A rentabilidade varia de acordo com a composição da carteira. Na Coinvalores, a meta é superar os ganhos mensais do Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira. "Por isso, a carteira sempre engloba ações do índice, como Vale e Petrobras."

Rentabilidade da Bolsa atrai grupos da região
Moradores do Grande ABC já perceberam que podem aumentar seus rendimentos aplicando em ações, por meio de um clube de investimento. É o caso do G7, clube formado por 42 pessoas, das quais a maioria mora na região.

"Eu tinha o interesse de investir em ações, mas tinha medo. Comecei a aplicar em fundos, porém queria operar diretamente com ações", conta o fundador e presidente do G7, Welington Matsumura, morador de São Bernardo. O grupo iniciou as atividades em 2003, com um aporte inicial de R$ 13 mil, sendo, na época, R$ 1.000 para cada integrante.

Matsumura diz que a meta do grupo é manter uma rentabilidade de 2,5% ao mês. "Caiu um pouco no momento da crise, mas agora já está recuperando."

O engenheiro Sérgio Akira, outro integrante do clube, conta que um dos objetivos do grupo era sair da renda fixa e aumentar a rentabilidade dos investimentos. "Também há o processo de aprendizagem para lidar com ações", conta. "O clube de investimento é uma boa opção, mas é preciso sempre pensar no longo prazo e variar as aplicações."

Hoje, a carteira de papéis do G7, administrado pela corretora Geração Futuro, é composta por empresas como Vale, Petrobras, Transmissão Paulista, Usiminas, Gerdau, entre outras.

A corretora Coinvalores administra um clube de dez pessoas, moradores de São Caetano, Mauá e Guarulhos, criado em novembro de 2007. "É um grupo com perfil agressivo, pois investe em opções, o que não é comum para clubes", conta o consultor de investimento da corretora, Marcelo Rizzo.

Investir em opções é considerado uma aplicação de alto risco, porque, segundo a BM&FBovespa, é um mercado onde são negociados direitos de compra ou venda de um lote de ações, com preços e prazos de exercício preestabelecidos. Como as opções têm validade, perdem, na data de vencimento, qualquer valor que possam ter, o que significa que o investidor pode perder tudo.




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