Dia 25 de junho de 1980. Numa fazenda em Bragança Paulista, interior paulista, a direção do Partido dos Trabalhadores está reunida. No fim do encontro, que durou dois dias, a definição: Luiz Inácio da Silva, o Lula (o apelido ainda não estava incorporado ao nome) é eleito presidente da comissão executiva provisória. Hoje, exatos 30 anos depois, o homem que comandou o PT pela primeira vez chega ao fim de seu segundo mandato à frente da Presidência da República.

O relato do Diário do dia seguinte à decisão estampou: "PT confirma Lula para a presidência". A nota, de três parágrafos e 29 linhas, também, listou os demais dirigentes daquela que viria a ser uma das principais agremiações políticas do País. Olívio Dutra foi aclamado vice-presidente da sigla, Jacob Bitar secretário-geral, Antonio Carlos primeiro-secretário e Freitas Diniz, tesoureiro.

Três décadas se passaram. O Brasil mudou. Passou de regime ditatorial para democrático. Luiz Inácio da Silva também mudou. A barba e os cabelos continuam. Agora aparados, grisalhos e benfeitos. As camisas de tom forte, com botões abertos no peito, e as calças largas deram lugar a ternos alinhados. Tudo isso veio antes da mudança maior: o cargo. Era metalúrgico, virou sindicalista e se transformou no presidente do Brasil.

Mas a ascensão não foi tão simples assim, como descrita acima em poucas palavras. Foi necessário dedicação, luta, suor, briga, prisão, discursos enfáticos e uma boa dose de carisma. Uma receita para poucos.

Lula - epíteto incorporado oficialmente ao nome em 1982 para a disputa ao governo de São Paulo, ainda com o número três na cédula e não o 13 atual - presidiu o PT até 1987. Voltou ao comando da legenda em 1990 e deixou-o definitivamente em 1994. De lá para cá é presidente de honra do partido.

Recentemente mudou de nome de novo. Agora define-se como Dilma Rousseff, candidata petista à sua sucessão. A nova alteração deve-se ao fato de seu nome não estar nas urnas nas eleições deste ano pela primeira vez desde a redemocratização do Brasil. Foram cinco pleitos presidenciais (1989, 1994, 1998, 2002 e 2006). Venceu os dois últimos, pois "a esperança venceu o medo".

PROTAGONISTAS - O PT tinha pouco mais de um ano de formação quando colocou a militância na rua para batalhar na primeira campanha municipal. Em Diadema no ano de 1982, o então ferramenteiro Gilson Menezes se tornava o primeiro prefeito petista eleito no Brasil.

Vice-prefeito de Diadema pelo PSB hoje, Gilson recordou-se dos tempos de "luta" com Lula para legalização da sigla. "Criamos um partido em que os trabalhadores seriam os protagonistas de futuras eleições. A prova maior está aí com o Lula", afirmou um dos fundadores do partido.

Ao ser entrevistado ontem, o socialista, no entanto, não se lembrou da data de hoje em que se comemora os 30 anos do presidente Lula à frente do PT.

Colaborou Elaine Granconato