A Textilcooper já começou a fabricar colchas de algodão com fios vindos de Nova Odessa, situada no interior do Estado, feitos por outra cooperativa. A produção, ainda modesta, pode chegar a 30 mil peças por mês e deve ser ampliada até o final do ano.
Na próxima etapa do projeto, a cooperativa de Santo André vai começar a utilizar algodão arbóreo produzido por agricultores familiares no Ceará e em Alagoas para fabricar tecidos finos, que serão transformados em roupas e lingeries pela confecção Univens, de Porto Alegre. Os produtos, feitos com matéria-prima orgânica, poderão ser exportados para Alemanha e Holanda.
A Textilcooper também aguarda a liberação do Ministério do Trabalho para a compra de um tear circular para produção dos tecidos de textura fina. Após a aprovação do ministério, a dinheiro (R$ 250 mil para o tear e R$ 50 mil para o beneficiamento do algodão) será liberado pela Fundação Banco do Brasil.
A expectativa é produzir 13 toneladas por mês de tecidos. Segundo Célia Regina Martinez Vitoriano, 42 anos, do departamento financeiro da Textilcooper, o projeto é uma alternativa para resolver o problema da sazonalidade da produção atual da cooperativa – 19 mil mantas e cobertores de acrílico. "O inverno brasileiro é curto. Nos outros períodos do ano, as vendas caem muito e temos prejuízo. Por isso, será bom diversificar", disse.
A Textilcooper tem 60 participantes, que recebem de R$ 450 a R$ 995 por mês. A cooperativa teve origem na empresa Randi Indústrias Têxteis, que arrendou suas instalações, o maquinário e a marca para os antigos funcionários em janeiro de 2001. "A empresa estava para fechar as portas devido a dívidas trabalhistas e impostos atrasados", disse Célia.
Os antigos empregados tiveram a orientação da Unisol-São Paulo (União e Solidariedade das Cooperativas e Empreendimentos de Economia Social de São Paulo) para começar a trabalhar em sistema cooperado. O projeto da Cadeia do Algodão Solidário faz parte do programa Cadeia Produtiva, uma parceria entre a Unisol-Brasil (União e Solidariedade das Cooperativas e Empreendimentos de Economia Social do Brasil), o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e ADS (Agência de Desenvolvimento Solidário da CUT).
O programa prevê a integração entre cooperativas que pertençam a uma mesma cadeia produtiva, para acabar com os intermediários e interligar grupos de todo o país. Além da cadeia do algodão, que é a mais adiantada, já está em andamento a cadeia da reciclagem. "A idéia é agregar valor aos produtos. Por exemplo: se transformadas em lingotes, as latinhas de alumínio conseguem um preço melhor", disse Tarcísio Secoli, coordenador nacional da ADS/CUT.
O programa tem dois anos e já envolve vários empreendimentos no país. "A potencialidade é muito grande, pois podem ser criadas cadeias produtivas nas mais diversas áreas e com todo tipo de cooperativa", disse Secoli. A OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) divulgou nesta quinta-feira que as exportações das cooperativas brasileiras, no primeiro semestre, somaram U$ 1.054 bilhão, 85% a mais que no mesmo período do ano passado.
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