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Sindicato ameaça maratona de 32h
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
13/11/2006 | 21:52
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A maratona de 32 horas em shoppings do Grande ABC na véspera do Natal sofre ameaça do Sindicato dos Comerciários local (filiado à Força Sindical). A diretoria da entidade de representação de 70 mil trabalhadores das setes cidades se recusa a assinar acordo para regular a jornada dos comerciários nos dois últimos dias antes da principal data de vendas do varejo.

Ao estender o funcionamento das lojas das 10h do dia 23 de dezembro até as 18h do dia 24, os centros de compras fecham convenção coletiva com as entidades de representação. “Neste ano, a diretoria tirou o posicionamento de não aceitar a maratona e, como conselheiro da DRT (Delegacia Regional do Trabalho), já informei a decisão”, conta o diretor operacional do Sindicato, Antonio Marcicano Miranda, o Toninho.

Segundo o sindicalista, os comerciários reclamam de abusos financeiros praticados por lojistas na edição da campanha do ano passado, realizada nos Shopping Metrópole, em São Bernardo, ABC Plaza e Shopping ABC, em Santo André. “O primeiro ano de maratona não foi positivo para a categoria. Quase nenhuma empresa pagou hora extra, por exemplo, e muitas foram multadas pela fiscalização da DRT”, explica.

O Sindicato dos Comerciários do ABC apurou com trabalhadores que, no ano passado, o maior volume de vendas foi registrado até a 1h. “Quem foi aos shoppings depois desse horário buscava apenas lazer e alimentação”, conta o sindicalista. Por conta dos abusos e do baixo retorno financeiro das vendas na madrugada, o Sindicato rejeita a renovação de acordo.

Os principais quatro shoppings da região – os participantes da maratona do ano passado mais o Mauá Plaza Shopping, de Mauá – ainda não definiram se participam da edição da campanha de vendas intensas neste ano. Segundo informações de todos os centros de compras do Grande ABC, a adesão à maratona de 32 horas está sob estudo e será definida após consulta aos lojistas, conforme realizado no ano passado.

Justiça – O Sindicato dos Comerciários de São Paulo (filiado à Força Sindical) participará de audiência pública no Ministério Público do Trabalho, na Capital, às 11h desta quinta-feira. O presidente da entidade, Ricardo Patah, apresentou ao MPT estudo da entidade paulistana, em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que comprova os abusos praticados pelos lojistas.

Cerca de 65% dos trabalhadores não receberam hora extra, conforme previa a convenção coletiva. “Queremos resolver essa questão delicada. Se houver compromisso, transparência e respeito, eu assino o acordo”, disse Patah. Ele cobra ação do MPT e da DRT, e conduta dos shoppings na maratona. Se TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) for emitido pelo MPT, o documento terá validade para toda jurisdição da Justiça do Trabalho (Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul).



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