Museu de mamulengos, riqueza artesanal, casas coloridas e ladeiras de paralelepípedo. A cidade de Olinda, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), parece esculpida em função das folias carnavalescas de Pernambuco. Tanto que, ansiosa, inicia os trabalhos antecipadamente: enquanto o mundo comemora o Carnaval em 24 de fevereiro, logo no começo de janeiro Olinda soltou seus bonecos gigantes pelas ruas ao som do frevo e do maracatu. Desde então, a farra só aumenta. Os foliões agradecem.

A cidade fervilha às sextas-feiras, sábados e domingos, com ensaios e desfiles de blocos e troças (pequenos clubes de frevo) que animam os quatro cantos. Ou melhor, o Quatro Cantos (famoso cruzamento entre a ladeira da Misericórdia e a rua Prudente de Moraes), a rua do Amparo, o largo da Ribeira, a ladeira do Bonfim e tantos outros pontos históricos.

Entre os blocos tradicionais, merece destaque o Flor da Lira, fundado em 1975 por um grupo de intelectuais e que festeja neste ano a poesia pernambucana de Manoel Bandeira. Nas cores azul e amarela, pierrôs e colombinas acompanham bonecos em papel- machê de até 3 m.

O Ceroula, que completou 48 carnavais no dia 18, supre a falta dos bonecos com muito humor: centenas de homens trajando calças justas promovem o arrastão das virgens, fazendo a alegria das donzelas. O bloco, similar ao Filhos de Gandhy, de Salvador, tem ainda uma versão destinada à petizada: o Ceroulinha. Ambos admitem mulheres apenas de cinco em cinco anos. O próximo desfile misto será em 2007.

E tem também o Bloco Lula e o Polvo que, neste segundo ano de existência, promete esquentar a Casa do Polvo (rua 13 de Maio) no próximo dia 12 com o desfile de um boneco gigante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.