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Grande ABC se rende ao forró
Mauro Fernando
Da Redaçao
18/11/2000 | 15:36
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Com a cotaçao em alta, o forró aos poucos vai desbancando o axé, o pagode e o sertanejo na preferência popular. A indústria fonográfica, sempre atenta, começa a investir pesado em nomes como Falamansa, Mastruz com Leite e Trio Forrozao.

Mesmo artistas com carreiras longas, como Gilberto Gil, têm recebido grande amparo da mídia quando penetram no universo do forró. A música Esperando na Janela (Targino Gondim, Manuca e Raimundinho do Acordeon), do CD Gilberto Gil e as Cançoes de Eu Tu Eles, se tornou obrigatória nas pistas e bares com música ao vivo.

Sinônimo de arrasta-pé, forró é mesmo um estilo de dança, sustentado por ritmos musicais nordestinos. "É envolvente e animado", afirma José Miranda, sócio do Vera Cruz Bar, de Sao Bernardo.

Talvez isso explique a crescente procura de jovens por cursos de dança e casas noturnas onde praticar. "As pessoas nao vao apenas para paquerar, mas também para fazer amigos", diz Fábio Mota, professor do Luís Moreno Núcleo de Danças, de Santo André.

Desde que implantou em outubro o chamado Forró Universitário com música ao vivo nas terças-feiras, o Vera Cruz viu a freqüência e o consumo crescerem. "O pessoal está cansando do pagode e migrando para o forró. É a tendência do mercado", observa Miranda. "O público quer um negócio diferente", endossa Orlando Paiva, maître do Chaplin Food & Beer, de Santo André, que há dois meses mantém as quintas-feiras reservadas para o forró.

Em Sao Paulo, o ritmo já se estabeleceu. Há um bom tempo deixou de ser exclusividade da comunidade nordestina, que se esbalda em locais como o Patativa, próximo à ponte do Socorro. O forró invadiu o circuito Pinheiros-Vila Madalena, famoso reduto da classe média-alta, onde se situam o Danado de Bom, o Projeto Equilíbrio e o Remelexo, entre outros.

A onda, agora, está batendo no Grande ABC. Além do Vera Cruz e do Chaplin, destacam-se a Academia da Cerveja, o Eclético e o Squash, todos em Santo André. O acordeao, o triângulo e a zabumba, inevitavelmente, conquistam a regiao.

No Salao do Sapeca, em Santo André, o forró nao tem idade. Uma das casas mais tradicionais do Grande ABC, o Sapeca organiza duas vezes por mês, às terças-feiras, o Super Cafezao. Trata-se de um forró matinal para a terceira idade, no qual, por R$ 3, sao servidos bolachas, bolos e paes variados, além de café, chocolate quente e sucos.

O baile começa às 7h (da manha, mesmo). Durante as danças da bandeirinha e do apito, porém, as mesas ficam vazias. Todos vao à pista. "A dança da bandeirinha funciona assim: a dama que recebe a bandeirinha perde o par; depois, troca-a pelo cavalheiro de outra dama", explica o gerente Moacir Morales.

A dança do apito também envolve troca de parceiros. Cada vez que o apresentador toca o apito, o homem passa a dançar com a mulher que está a sua frente. Ninguém está livre de uma paquera, mas nem todos entram no Sapeca com essa intençao.

Nos sábados, a partir das 23h, o Sapeca pega fogo. Sao as noites dedicadas ao forró, animadas pela banda da casa. No mês passado, Frank Aguiar voltou ao salao onde começou a carreira. Cerca de 1,2 mil pessoas encheram a pista. A faixa etária? "Desde adolescente até quem tem 60 anos", revela Morales.




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