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Ex-presidente alemao-oriental é condenado por mortes no Muro
Do Diário do Grande ABC
08/11/1999 | 15:43
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O tribunal federal de justiça alemao confirmou, na véspera da comemoraçao do 10º aniversário da queda do Muro de Berlim, a condenaçao a penas de prisao de vários altos responsáveis da ex-RDA, inclusive o último chefe de estado alemao-oriental, Egon Krenz, por ``homicídios' na fronteira interalema.

Foram assim confirmadas como definitivas as condenaçoes de Krenz, 62 anos, a seis anos e meio de prisao, de Guenter Schabowski, 70 anos, e Guenther Kleiber, 68, a três anos de prisao cada um.

Um recurso foi apresentado tanto por Krenz e os outros dois acusados, que esperavam uma anulaçao da pena, como pelo promotor, que por sua vez queria uma condenaçao mais severa contra o ex-número um alemao-oriental.

Os juízes de Leipzig rejeitaram a apelaçao apresentada pelas duas partes, justificando que os três homens estavam envolvidos nas decisoes sobre o Muro por causa das altas funçoes que ocupavam no aparelho de Estado da ex-RDA.

Krenz e os dois ex-dirigentes foram condenados a 25 de agosto de 1997 por um tribunal de Berlim por sua responsabilidade política na morte de muitos fugitivos na fronteira interalema.

Mais de 900 alemaes-orientais morreram baleadois ou afogados no mar Báltico, ao tentar passar para o ocidente, até a queda do Muro de Berlim, no dia 9 de novembro de 1989, segundo a associaçao berlinense ``13 de Agosto'.

A promotoria tinha pedido entao onze anos de cadeia para Krenz, nove para Shavowski e sete e meio para Kleiber.

A defesa pedia a absolviçao dos três acusados, afirmando que o regime nas fronteiras da RDA dependia de ordens procedentes exclusivamente de Moscou, e que os responsáveis da RDA nao podiam modificá-las.

Depois do veredicto desta segunda-feira, tornado público na véspera do 10º aniversário da queda do Muro, os acusados devem começar a pagar suas penas nas próximas semanas. Já nao há possibilidades de mais recursos pela lei na Alemanha.

Dez anos depois da reunificaçao, este é o maior e último julgamento contra altos dirigentes da RDA pelos ``mortos do Muro'.

``O que aconteceu hoje é a volta aos tempos da guerra fria', disse Krenz, ao ouvir a sentença, depois de condenar os julgamentos contra os ex-responsáveis alemaes-orientais.

``Aceito o julgamento e cumprirei minha pena', disse Kleiber. Schabowski estava ausente.

O advogado de Krenz, Robert Unger, informou que a condenaçao de seu cliente era uma aplicaçao retroativa abusiva da lei. ``A proteçao armada das fronteiras da RDA era uma decisao alema-oriental que nao pode ser julgada pela justiça alema-ocidental', argumentou.

Ele também destacou que tinha apresentado um recurso ante a Corte Européia dos Direitos Humanos em Estrasburgo (França) e estudava uma apelaçao ante a Corte Constitucional federal alema, contra o cumprimento da pena de prisao.

Erich Honecker, que dirigiu a RDA por 18 anos (1971-1989) escapou da justiça e morreu em 1994, no Chile.




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