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Após agressão, Felipe recomeça no São Caetano
Anderson Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
09/10/2005 | 08:49
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Felipe não quer abraçar o rótulo de mártir na luta contra o racismo no futebol – assim como aconteceu com Grafite, do São Paulo, no caso com o argentino Desábato. O goleiro ainda move uma ação contra o ex-presidente do Vitória-BA, Paulo Carneiro, que o teria chamado de “preto frouxo” e “negro safado” após o rebaixamento do time baiano para a Série C do Campeonato Brasileiro. Com apenas 21 anos, conseguiu uma liminar na Justiça do Trabalho para defender o gol do São Caetano, onde espera recomeçar a carreira.

Há oito anos, Felipe iniciava a carreira no Vitória-BA, clube que revelou o pentacampeão Dida. No mês passado, defendeu a equipe na Série B. “Tinha uma ótima relação com todos no Vitória-BA”. Mas, na última rodada, contra a Portuguesa, o rubro-negro ficou num empate por 3 a 3 com a Portuguesa. “O Renê Simões (técnico) recebeu uma informação durante o jogo que o empate serviria para salvar o time do rebaixamento. Ele mandou nosso time tirar o pé, já que poderíamos levar o quarto gol”, lembra.

Após o encerramento da partida, os baianos deixaram o Barradão felizes, mas não contavam com o CRB-AL, que virou o jogo contra o Criciúma-SC, aos 47 minutos (2 a 1), e enterrou o Vitória-BA, ao lado do Bahia, na Terceirona. Já no estacionamento, Felipe diz ter sido agredido verbalmente pelo então presidente Paulo Carneiro com frases como “negro vagabundo e vendido para o adversário”. “Fiquei em silêncio. Depois que ele parou, fui direto para a delegacia e prestei queixa na polícia”. Sua mulher também não escapou de Carneiro, que a teria chamado de “vagabunda” e “maria-chuteira”.

Segundo Felipe, o presidente do Vitória-BA “estava de cabeça quente com o rebaixamento”. “Mas não vou deixar isso passar em branco por causa disso. Outros jogadores já haviam sido vítimas e não fizeram nada. Não sou assim. Vou levar esse processo até o fim”, garante. Em seguida, Paulo Carneiro renunciou ao cargo. O processo será julgado dia 4 de novembro em Salvador.

Recomeço – Felipe tem dois contratos com o São Caetano: um até dezembro e outro, de gaveta, no caso de conseguir a liberação do Vitória-BA em definitivo, ainda sem prazo. “Não esperava acertar com o São Caetano. Já estava conformado que ficaria descansando até o final do ano. No último dia de inscrições para o Brasileiro, recebi a notícia do meu procurador que defenderia o São Caetano. Fiquei surpreso e contente pela oportunidade”, disse o goleiro, curiosamente vestindo uma pulseira negra. “A branca quebrou. Vou providenciar outra”, garante.




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