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Ex-prefeitos de Mauá são atacados por Oswaldo Dias
Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
08/07/2011 | 07:21
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Artigo assinado pelo prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), publicado na edição deste mês do jornal do partido causou rebuliço entre os poderosos políticos da cidade. No texto, o chefe do Executivo fez várias críticas à falta de investimento e às dívidas deixadas por seus antecessores, a quem classificou de "saqueadores".

"Nós, do PT, somos bons de governo, pois não fazemos dívidas, tocamos obras e ainda pagamos as dívidas deixadas pelos saqueadores e irresponsáveis", declarou Oswaldo, referindo-se especialmente aos R$ 217 milhões de restos a pagar deixados por Leonel Damo (que comandou a Prefeitura de 1983 a 1988 e de 2005 a 2008), além de R$ 1,3 bilhões de dívida total do município, que começou a fugir do controle nos anos 1970.

Na cronologia dos débitos, Dorival Rezende (1976 a 1982) deixou o equivalente a R$ 733 mil de dívidas para Damo, que em seu primeiro mandato contraiu outros R$ 11,5 milhões. Amaury Fioravanti (1989 a 1992) somou outros R$ 153 milhões de débitos, sendo R$ 49 milhões de empréstimo junto à Caixa Econômica Federal. A gestão de José Carlos Grecco (1993 a 1996) acumulou mais R$ 7,6 milhões de perdas.

Quando Oswaldo Dias assumiu seu primeiro mandato, em 1997, o endividamento da Prefeitura era de R$ 355 milhões. Mas tentativas fracassadas de renegociação dos débitos fizeram o petista deixar o Paço, em 2004, com quase R$ 1 bilhão em dívidas, fruto principalmente dos juros e da correção das herdadas dos antecessores.

A falta de pagamento dos governantes criou uma bola de neve, tanto que o saldo devedor do Paço com a Caixa referente ao empréstimo de 1991 hoje está em R$ 700 milhões.

"Em 1997, Mauá não tinha cara de cidade, tamanho os desmandos patrocinados por grupos familiares que se sucediam na Prefeitura desde os anos 1980", relatou Oswaldo no jornal do PT.

Leonel Damo mostrou irritação com a publicação. "Ele deveria se preocupar em embelezar a cidade, que está muito feia." A insatisfação maior foi com o termo "saqueadores". "Ninguém saqueou a Prefeitura. Ele sabe disso. A culpa do somatório de dívidas é da baixa receita de Mauá", defendeu-se.

Damo mostrou a "incoerência" de Oswaldo, que mantém em seu governo alguns de seus antigos aliados, como a sua vice entre 2005 e 2008, Leni Walendy (coordenadora especial de projetos da Secretaria de Educação) e seu sobrinho e secretário de Governo, Antonio Carlos de Lima, atualmente secretário de Administração.

Afastado da política há mais de uma década, José Carlos Grecco não quis comentar o assunto. O irmão dele, o vereador Edgard Grecco Filho, disse que "dar este tipo de declaração é cair na velha mesmice de querer procurar pêlo em ovo". 

Petista ironiza queixa de adversário

Apesar do mal-estar que a publicação de seu artigo gerou nos adversários, Oswaldo Dias defendeu o emprego de "saqueadores" no texto. "Acho que a palavra é muito pesada, dependendo de como é interpretada. Mas, se fizer as contas, vê que o governo anterior deixou R$ 217 milhões de restos a pagar. Estou falando que o dinheiro foi mal administrado, não que foi tirado do bolso de alguém." A Prefeitura tem empenhado de 18% a 20% da receita para o pagamento de dívidas. "Foram todas herdadas. Nunca deixei dívida em minha gestão."

O prefeito ironizou a irritação de Leonel Damo. "Ficaria muito feliz se entrasse com um processo (contra a declaração), mas acho que isso não vai acontecer."

O presidente do PT de Mauá, Leandro Dias, filho de Oswaldo e responsável pelo jornal, fez coro aos argumentos do pai, destacando que o propósito foi o de comparar as realizações e as finanças das gestões. "A ideia não é chamar ninguém de ladrão. O sentido da palavra pode ter sido duro e ter incomodado, mas nós também estamos incomodados querendo entender os R$ 217 milhões negativos que o Leonel deixou de herança."

Para evitar polêmica, Leandro, admite, no entanto, que a palavra "saqueadores" poderia ter sido substituída. "Às vezes o texto passa sem análise mais bem definida. Evidentemente que se houvesse reflexão o termo poderia ter sido trocado", repensou. "Talvez tenha sido exagerado."




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