Um ônibus híbrido (diesel e energia elétrica) fabricado por uma empresa sediada em São Bernardo, a Eletra, poderá receber em breve apoio do governo federal, por meio de linhas especiais de financiamento à inovação, e ser incorporado ao rol de experiências que serão oferecidas pelo governo brasileiro à Ucrânia como parte de um acordo firmado recentemente para transferência de tecnologia entre os dois países.

Pelo menos essa é a intenção manifestada pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, que visitou segunda-feira o município para conhecer algumas experiências realizadas na cidade na área de pesquisa e desenvolvimento. "O projeto da Eletra não pode ficar entregue à própria sorte, já que incorpora na essência a nossa proposta", afirmou Amaral.

O ministro acrescentou que o ônibus poderá entrar como contrapartida a ser apresentada durante visita da missão governamental ucraniana, que terá o objetivo de arrematar o acordo de transferência tecnológica. Aquele país se dispõe a oferecer tecnologia espacial e na área de medicina. "Vamos oferecer essa tecnologia do ônibus", disse.

A Eletra desenvolveu um ônibus com tração híbrida, que combina um pequeno motor a diesel (80 hp), gerador elétrico e um conjunto de baterias. Com essa combinação e um gerenciamento eletrônico, o equipamento tem rotação fixa, não tem caixa de câmbio nem mudanças de arranque e armazena energia nas baterias para ser gasta em momentos de maior demanda, como subidas.

Fundada em 1998 e com 14 ônibus em operação (12 na Grande São Paulo, um em Porto Alegre e um em Santiago, capital do Chile), a companhia tem perspectiva de crescer, por conta das vantagens do modelo em relação ao veículo tradicional. Apesar de um custo de aquisição cerca de 30% mais alto, o híbrido propiciaria de 20% a 30% de economia de combustível, uma vida útil maior (15 anos contra sete do a diesel) e uma redução na emissão de poluentes (diminuição em até 90% da fumaça preta).

Capital – A Eletra, que pertence ao grupo Auto Viação ABC, busca financiamento especial por meio das linhas chamadas Fundos Setoriais, do ministério, para ampliar suas exportações. Os recursos – a meta é a obtenção de R$ 7 milhões – viriam para capital de giro e para montar uma estrutura de assistência técnica para divulgação do produto lá fora.

A companhia tem a perspectiva de fechar um contrato para vender 200 veículos para o Panamá. Também teria recebido cotações de potenciais clientes no Canadá, China, Inglaterra e México, entre outros. O diretor técnico Antonio Vicente Souza e Silva afirmou que o produto tem vantagens competitivas, já que no exterior o modelo top da Eletra é comercializado por US$ 150 mil e empresas estrangeiras com tecnologia similar vendem a US$ 370 mil. "Nossa meta é ampliar a capacidade produtiva, de cinco veículos por mês, para 30 a 50 mensalmente no prazo de seis meses", acrescentou Souza e Silva.