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Descoberta no PA a maior área do mundo em urânio
Do Diário do Grande ABC
16/04/2000 | 20:11
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A Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM), vinculada ao Ministério das Minas e Energia, anunciou na sexta-feira a descoberta, no Pará, da mais extensa área do mundo em mineralizaçao de urânio, com 600 quilômetros quadrados, maior que a cidade de Fortaleza (CE).

A pesquisa começou na primeira metade da década de 80 e levou quase 15 anos para ser concluída. Foi paralisada diversas vezes por falta de recursos. O urânio é um metal essencial na produçao de energia atômica. O Brasil é hoje o quinto maior produtor mundial do minério.

A descoberta de uma reserva de fosfato com 200 milhoes de toneladas também foi anunciada pelos técnicos. Segundo o geólogo da CPRM, Edilson Pereira, que coordenou durante cinco anos os primeiros estudos na regiao, a reserva de urânio paraense só dará lucro ao país se o preço da libra-peso do minério, no mercado internacional, subir dos atuais U$$ 40 para U$$ 60.

A província mineral descoberta fica na borda da bacia amazônica, entre os municípios de Prainha, Alenquer e Monte Alegre, nas regioes conhecidas por Barreirinha e Ererê, esta última a apenas 40 km da cidade de Monte Alegre, no oeste do Estado. Geólogos da extinta Nuclebrás, entre 1980 e 1985, foram os primeiros a cavar poços na área para pesquisar águas subterrâneas com suspeita de radioatividade.

Técnicos da Comissao Nacional de Energia Nuclear (CNEN) já estiveram por diversas vezes em Monte Alegre, medindo a radioatividade em dezenas de residências da cidade. Lá, a maioria das casas é construída com pedras retiradas da floresta onde estao as reservas de urânio, localizadas a apenas 20 metros de profundidade. As mediçoes comprovaram a contaminaçao, mas com baixos teores de radioatividade, segundo os técnicos.

Médicos de Belém e de outras regioes do Brasil já estiveram no município pesquisando a saúde dos moradores e comparando-a com alguns casos de câncer alí registrados. Relatório elaborado pelo Programa de Integraçao Mineral em Municípios da Amazônia (Primaz), coordenador da pesquisa, revela que o urânio está disseminado pela regiao em folhetos negros em associaçao com brechas de falhas radioativas ou, ainda, relacionado aos lateritos.

A área onde se localizam os minerais apresenta condiçoes favoráveis para a mineralizaçao de sulfetos de metais-base, sobretudo cobre e zinco, além de calcário. Edilson Pereira revela que em várias áreas da reserva há brechas radioativas de 20 metros de profundidade com até 2.350 ppm (parte por milhao) de teores de urânio, na localidade de Ererê. Já em Barreirinha, onde se localiza a colônia agrícola Inglês de Souza, o urânio pode ser encontrado a 80 metros de profundidade.




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