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A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Apagão Aéreo na Câmara divulgou nesta quinta-feira o áudio dos diálogos entre a torre de controle do aeroporto de Congonhas e os pilotos do Airbus da TAM, no dia 17 de julho. As gravações confirmam que os pilotos perguntaram sobre as condições da pista e foram informados que ela estava escorregadia por causa da chuva.
Em respeito aos familiares das vítimas, os momentos finais do diálogo foram vetados. A transcrição da caixa-preta, divulgada na semana passada, já havia revelado que ocorreu desespero dos comandantes do vôo quando perceberam que não poderiam frear a aeronave.
Diálogo - O primeiro relato sobre a pista com os pilotos foi feito às 18h34 pelo horário local de São Paulo. O diálogo partiu do piloto: "A torre poderia informar ao 3054 da TAM se chove em Congonhas?". Na seqüência, a controladora de vôo do centro de aproximação, Ziloá Miranda Pereira, respondeu: "Chuva leve e contínua. A pista está molhada, mas não foi reportada ainda escorregadia, ok!".
Quatorze minutos depois, o piloto repete o pedido de informações: "TAM na final de duas milhas. Poderia me confirmar as condições?". O controlador de vôo na torre, Celso Domingos Alves Junior, que autorizou o pouso, informou: "Pista molhada e escorregadia".
Controladores - Em depoimento à CPI, o controlador de tráfego aéreo Celso Domingos Alves Júnior, que trabalhava no dia do acidente, confirmou que "em nenhum momento" os pilotos relataram à torre de controle qualquer problema no vôo 3054.
O controlador disse ainda que, após a aterrissagem do Airbus, o que chamou a atenção foi a velocidade que o avião manteve na pista. "Como operador da torre, esperei uma manobra ali", contou, acrescentando que a aeronave tocou no solo um pouco mais à frente do que o normal.
Já a controladora Luana Morena Maciel Araújo, que também trabalhava no momento da tragédia, confirmou que problemas nas freqüências de comunicação entre a torre de Congonhas e os aviões são usuais, mas negou que tenha havido ruídos no contato com o Airbus.
Congestionamento - Eduardo Pires Dayrel, um terceiro controlador que atuava na torre de Congonhas no dia da tragédia com o Airbus, confirmou que o aeroporto operava com sua capacidade máxima antes do acidente e que, em determinados dias, até 15 aeronaves sobrevoavam o espaço aéreo de São Paulo à espera de autorização para aterrissar.
Para o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), o número de aviões "em órbita" simultaneamente mostra que a malha aeroviária, principalmente sobre Congonhas, precisa mudar. "Isso, na nossa avaliação, representa um problema inclusive de segurança para os vôos", comentou.
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