As quase 200 mil pessoas que visitaram o Salão das Duas Rodas ficaram com a nítida sensação de que existiram duas mostras bem definidas entre os produtos expostos: uma era real e a outra, virtual. Isso porque muitos modelos apresentados estão muito longe do mercado e do consumidor. Quem já viu ou pilotou uma Suzuki GSX –R 1000, uma Ducati Testastretta ou mesmo a sensação do momento, a R1 da Yamaha? É certo que um Salão é o local ideal para apresentar novidades e protótipos. Daí a "eleger" a Yamaha R1 como a moto do ano em nosso País é no mínimo falta de bom senso. Afinal, não se conhece uma única pessoa que tenha sequer ligado o motor de 120 cv de potência antes da "eleição". Como eleger um produto sem checar suas qualidades e desempenho?. Ela impressiona e sua ficha técnica é revolucionária, mas é preciso esperar pelas impressões do uso regular da moto.

Outra decepção aconteceu com as grandes marcas como a BMW e a Ducati. Ambas mostraram suas motos belíssimas porém de forma burocrática, o que talvez revele um mercado que já é pequeno e encontra-se particularmente encolhido neste ano. A Izzo Motors sinalizou para um nicho promissor e aposta alto ao comercializar as linhas Harley Davidson e Triumph, incluindo as HD montadas em Manaus.

A Suzuki surpreendeu com a apresentação da GS 125BR e do Burgman 125BR, produtos que passam a ser montados em Manaus e que têm previsão de lançamento para abril do próximo ano. Com isso, os produtos passam a ser mais competitivos em suas faixas de mercado. A GS 125 BR, que tem inovações importantes, vem para brigar no segmento que é dominado pela Honda CG. O Burgman vai abrir um novo filão no mercado nacional, os scooters com design renovado e uma série de acessórios voltados para o conforto.

Outra surpresa foi a apresentação da marca indiana Banjaj (pronuncia-se Banjadi) que procura parceiros para montar seus modelos no Brasil. Suas motos estão na faixa de 100 até as 180cc. Embora pouco conhecida entre os brasileiros, a Banjaj é a 2ª maior montadora de motos da Ásia (só perde para a Honda) e é a 4ª do mundo. Grande parte da sua produção é consumida na própria Índia, país continental pobre e quente, ou seja, com as mesmas características do Brasil.

O mercado de bicicletas também mostrou sua força. Os estandes que mais chamaram a atenção foram o da Houston Bike e o da Conthey. Os destaques foram as muitas versões para trilhas, mountain bikes, BMX e free style. Aí está um segmento de grande apelo com a galerinha já que não impõe restrições de idade ou de muita grana para manutenção.