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PF descobre dono da arma usada para matar juiz do MT
Do Diário do Grande ABC
10/10/1999 | 15:52
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A Polícia Federal (PF) acredita que poderá elucidar, nos próximos dias, o assassinato do juiz do Mato Grosso, Leopoldino Marques do Amaral. A PF descobriu que a arma utilizada para matar Amaral pertence ao paraguaio Félix Paniágua, tio de Paulo Paniágua, marido de Beatriz Arias, escrevente do Fórum Cível de Cuiabá. Ela é a principal suspeita do crime e foi presa há 17 dias, na Ilha Margarida, no Paraguai, após negociar sua rendiçao através de seu irmao, Joamildo Barbosa.

A mae e o irmao de Beatriz Arias, Joana Arias e Joamildo Barbosa, confirmaram que o revólver calibre 38 pertence a Félix Paniágua. De acordo com os dois, o revólver foi emprestado de Félix por Beatriz quando ela percebeu que estava sendo seguida, assim que entrou, junto com o juiz, na regiao da fronteira do Brasil e do Paraguai. Beatriz Arias viajou com o juiz para Ponta Pora (MS) e a PF suspeita que ela foi usada como isca para atrair Amaral. A arma foi encontrada numa localidade da fronteira, após um telefonema anônimo recebido pela PF.

A escrevente também teria confirmado, em depoimento à PF, que o revólver nao era seu após a divulgaçao de que ela seria a proprietária da arma e que suas impressoes digitais foram detectadas na perícia do Instituto de Criminalística (IC) de Brasília. O advogado da escrevente, Samir Hamoud, contestou as informaçoes divulgadas em algumas emissoras de televisao e jornais, atribuindo a propriedade da arma à sua cliente. "Isso nao procede, a informaçao é totalmente equivocada", disse ele. "No momento oportuno nós vamos esclarecer isso para a imprensa e para a sociedade".

Com relaçao ao exame que confirmaria as impressoes digitais, Samir Hamoud garantiu que nada disso está nos autos do inquérito. "Nao existe nada sobre isso também", disse. "Só se for extra-autos, porque nos autos nao tem e, portanto, nao procede". Mesmo alegando que Beatriz Arias é inocente, o advogado ainda nao pretende pedir a revogaçao da prisao "porque ela está num local seguro". A escriva foi uma das últimas pessoas a se encontrar com o juiz Leopoldino Marques do Amaral, em Ponta Pora, Mato Grosso do Sul, junto com seu tio, Marcos Peralta Arias, que está foragido.

Denúncias - A PF está realizando buscas no Paraguai para encontrar Félix, Peralta e o traficante Marcos Victor Guerra, que tinha um encontro marcado com o juiz, encontrado morto no dia 07 de setembro no Departamento de Concepción, no Paraguai. Amaral foi assassinado quando buscava mais provas para comprovar a suposta ligaçao de alguns desembargadores e juízes de Mato Grosso com o narcotráfico. O juiz denunciou vários desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ) de Mato Grosso à Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Judiciário no Senado, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). As acusaçoes sao de venda de sentenças, extorsao corrupçao, tráfico de influência das esposas de alguns desembargadores, nepotismo, fraude em concursos públicos para juiz e de cargos administrativos da esfera do Judiciário e assédio sexual para contrataçao de funcionárias. O juiz também estava sendo acusado pela Corregedoria do TJ de desvio de recursos de depósitos judiciais sob a tutela da Vara de Família e Sucessoes de Cuiabá, da qual era titular.

Inquérito policial já confirmou o desvio das verbas e o delegado Joao Bosco indiciou por crime de peculato a ex-assessora de Leopoldino, Márcia Campos, e a viúva de Amaral, Rosemar Monteiro. A polícia vai ouvir agora a irma do juiz, Elielce Marques do Amaral, também acusada de participar do desvio.




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