Economia Titulo
Ministro não descarta intervenção nos planos de saúde
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
Com AE
26/07/2004 | 20:02
Compartilhar notícia


O ministro da Saúde, Humberto Costa, ameaçou de intervenção as operadoras que insistirem em aplicar reajustes superiores aos 11,75% autorizados pela ANS (Agência Nacional de Saúde) às mensalidades dos contratos. “Autuar, punir, multar as empresas nós já estamos. Se for preciso vamos chegar à intervenção e até mesmo a tirá-las do mercado”, afirmou nesta segunda, durante entrevista em Curitiba (PR).

Dentre os planos de saúde que atuam no Grande ABC, Bradesco Saúde e Sul América foram os que anunciaram os maiores reajustes, 82% e 47%, respectivamente. Os aumentos, porém, foram suspensos por decisão da Justiça.

Segundo o ministro, a ameaça às operadoras deve-se ao seguinte entendimento do governo: não se pode “impor” reajuste superior ao autorizado pela agência regulamentadora, inclusive para os contratos antigos – os firmados anteriormente à Lei 9.656. “As empresas não podem retroagir para buscar perdas do passado. Por isso vamos até as últimas conseqüências para fazer valer os 11,75%.”

Outras operadoras que anunciaram índices maiores de aumento nas mensalidades são Saúde ABC (41%), Trasmontano (18,20%), Amil (14,75%) e Interclínicas (14,5%). A Amil também foi obrigada pela Justiça a limitar o aumento a 11,75%.

Na região, a Saúde ABC negociou o parcelamento do reajuste em duas vezes: uma aplicada neste mês e o restante em janeiro de 2005. O acordo foi feito após a diretoria do Procon de Santo André interceder a favor dos consumidores. A empresa chegou a ser autuada em mais de R$ 500 mil pela ANS.

As outras operadoras ainda não sofreram determinações da Justiça. O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) impetrou duas novas ações civis públicas contra operadoras de saúde.

Procuradas pela reportagem, as operadoras de saúde impedidas por liminares de aplicar os reajustes não se manifestaram sobre a posição anunciada pelo ministro. A exceção foi a Sul América que, por meio de nota oficial encaminhada pela assessoria de imprensa, informou “estar analisando o teor das liminares”. A empresa reafirmou que irá recorrer da decisão e justificou o índice de 82% à necessidade de manter “o equilíbrio entre a receita e as despesas de saúde dos contratos anteriores a 2 de janeiro de 1999”.

A empresa se apóia novamente na Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) do STF (Supremo Tribunal Federal), de agosto do ano passado, para justificar o reajuste. A mesma Adin, na avaliação dos órgãos de defesa do consumidor, tem caráter provisório e não serve de base para os aumentos.

Legislação – Segundo o ministro da Saúde, o Ministério e a ANS estão discutindo uma legislação para ser enviada ao Congresso Nacional. Segundo ele, trata-se da proposta de uma nova modalidade de plano de saúde. Costa destacou que um dos pontos a ser discutido é o fim da carência para as pessoas que optarem por mudar de empresa de saúde. “Isso permitiria grande concorrência no mercado, porque os preços se reduziriam e as operadoras ficariam interessadas em melhorar a qualidade do serviço prestado”, afirmou o ministro, que garantiu não temer que a proposta favoreça formação de cartel.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;