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Loucos por cinema no mesmo endereço
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
20/04/2010 | 07:00
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"Ninguém Deve Morrer", um dos filmes que abrem hoje (apenas para convidados) a mostra Cinema de Bordas, deveria ter cavalos em certas cenas. O orçamento, porém, nem de longe poderia incluir o aluguel de animais. A solução encontrada pelo diretor, o catarinense Petter Baiestorf, foi simples: os atores em cena simularam montar, com as pernas flexionadas. "Por um amor incondicional ao cinema e uma grande vontade de filmar, eles fazem como dá. Essa cena, por exemplo, o (grupo britânico de humor) Monty Python já fez antes. Isso é Cinema de Bordas, feito por pessoas que estão às margens da sétima arte como instituição, que é o cinema artístico, autoral", explica a pesquisadora Bernadette Lyra, responsável pela curadoria ao lado de Gelson Santana. A mostra abre ao público amanhã e fica em cartaz no Itaú Cultural até domingo (25).

Para a segunda edição do ciclo no espaço, a dupla selecionou 13 curtas. Os critérios continuam os mesmos. Além de soluções engenhosas (ou bem-humoradas) e a falta de recursos (incluindo de atores, na maioria das vezes não profissionais) como pré-requisitos, neste ano os organizadores levaram em conta produções com tema também focado nas grandes cidades.

"No ano passado escolhemos filmes que se passavam no interior. Agora incluímos também o que chamamos de terceira geração de bordas, feito por aquele pessoal que já pensa em postar na internet", afirma a curadora.

A maior parte dos diretores é cineasta de ocasião. Não houve inscrições: Bernadette e Gelson procuraram esses produtores e fizeram o convite para participação na mostra. Foram encontrá-los no interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo, entre outros locais. "São pescadores, pedreiros, auxiliares de enfermagem que acabamos conhecendo nessa empreitada. E todos são loucos por cinema e falam com paixão sobre o assunto. Mesmo os analfabetos. E o público adora, porque reconhece nos curtas as citações a outros filmes", conta Bernadette.

Liz Marins (ou Liz Vamp, personagem pelo qual é conhecida) é das poucas que se dedicam exclusivamente à arte. Apesar do sobrenome que faria diferença no meio de terror (é filha de José Mojica Marins, o Zé do Caixão), ela relata dificuldade extrema. "Não herdei fãs do meu pai. Só os que não gostam dele ficaram de herança", brinca. Na mostra, a estreia como diretora, em "Aparências" (2006), que apresentou em festival em Portugal. "Quero ganhar o circuito, deixar a margem. Muita gente aqui merece", afirma.

Cinema de Bordas. Até dia 25. No Itaú Cultural - Av. Paulista, 149. Tel.: 2168-1700. Programação em www.itaucultural.org.br. Entrada franca.




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